A Sala das Cortes, um dos espaços mais emblemáticos do Convento de Cristo, em Tomar, vai acolher a exposição/instalação ‘Telesma e os Cavaleiros do Mar’, da autoria de Luís Vieira-Baptista, na qual o artista-plástico lança um alerta para o estado actual dos oceanos, ameaçados pela poluição, que está a colocar em perigo a existência de tantas espécies confrontadas com o risco de extinção.
Esta mostra individual de pintura e instalação conta com o patrocínio da Estoril Sol e tem curadoria de Conceição Vieira Coelho. A inauguração está marcada para este sábado, 17 de Junho, sendo que a exposição estará patente ao público até 25 de Outubro, podendo ser visitada entre as 10h00 e as 17h00. O acesso ao evento faz-se pela fachada norte do Convento de Cristo, através do Claustro da Micha.
A cerimónia de inauguração contará com um extenso programa cultural, do qual se destaca uma actuação da Associação ThomarHonoris, que recriará a imagem dos freires templários. O evento recordará também algumas das animações populares do século XII, incluindo dança e música, sendo de esperar algumas surpresas durante o percurso realizado pelos visitantes até à Sala das Cortes.
CENÁRIO IMERSIVO
O trajecto a percorrer até à sala onde as obras estão expostas é feito através de um corredor onde o visitante é confrontado com imagens reais alusivas ao estado dos oceanos. Ao entrarem na Sala das Cortes, os visitantes deparam com uma espécie de “oásis de intenções”, onde Luís Vieira-Baptista, através das suas obras de pintura e instalação, recria um cenário imersivo de um Templo no fundo marinho.
De acordo com a ficha de apresentação da exposição/instalação, Luís Vieira-Baptista “vai ao passado buscar o espírito de missão dos Cavaleiros Templários, para, através das formas difusas, da cor turquesa do oceano, em simbiose com a dos talismãs usados pelos Cavaleiros Medievais, nos sensibilizar para um dos maiores problemas do nosso tempo”, que é a poluição que ameaça os oceanos em todo o Mundo.
“Sem o mar, a vida não existe!”, garante o artista plástico, evocando Voltaire ao afirmar que “Nunca a Natureza é tão aviltada como quando a ignorância tem a arma do poder”. Navegando entre o Naturalismo e o Surrealismo, Luís Vieira-Baptista, ao transportar imagens reais para um ambiente de referências oníricas, procura alertar, despertar e sensibilizar o espectador da sua obra para uma reflexão cada vez mais urgente.
LIGAÇÃO ESTREITA COM A ESTORIL SOL
Natural de Lisboa, onde nasceu em 15 de Fevereiro de 1954, Luís Vieira-Baptista revelou cedo a sua paixão pelas Artes Plásticas, acabando por frequentar o curso de Desenho com Modelo Vivo na Sociedade Nacional de Belas-Artes, em Lisboa, sob a orientação do escultor Quintino Sebastião, depois de ter estudado Arquitectura e de ter passado uma temporada na Marinha Mercante.
O seu percurso artístico regista uma ligação estreita com a Estoril Sol, sendo que a sua primeira exposição individual foi realizada na Galeria de Arte do Casino Estoril, em 1975. Ao longo de 47 anos de carreira, assinou mais de 50 exposições individuais, tendo sido várias vezes patrocinado pela Estoril Sol e pela ESC Online. Participou, ainda, em dezenas de mostras colectivas e de grupo, realizadas em Portugal e no estrangeiro.
Na segunda metade dos anos 1980, Luís Vieira-Baptista optou por ir viver para o estrangeiro, mais concretamente na Suíça. Mais tarde, em 1989, realizou uma exposição em Toronto, no Canadá, na Galeria Almada Negreiros, com o título ‘A Vida é um Jogo’, na qual apresentou, pela primeira vez, um novo estilo pictórico criado por si, o Visionismo, baseado no conceito de ver além da imaginação.
Em 1990, o artista plástico acabou por regressar a Portugal, onde apresentou, um ano mais tarde, o Visionismo, com uma grande exposição no Convento do Beato, em Lisboa, vindo a formar dois grupos artísticos: o ‘Visionista’, em que foi apresentado em manifesto a referida estética, e o ‘Artitude’, um projecto vocacionado para intervir em espaços públicos e patrimoniais com instalações de grande impacto.
A partir daí, Luís Vieira-Baptista realizou inúmeras exposições aquém e além-fronteiras, destacando-se, neste período, a sua partida para Nova Iorque, EUA, onde obteve imenso sucesso materializado na venda de todas as suas telas. Ironicamente, depois desta exposição, o seu galerista acabou por desaparecer levando com ele as 19 telas e o dinheiro, defraudando toda a gente.
Em 2003, o artista plástico foi condecorado com a Medalha de Mérito Grau Ouro pela Câmara Municipal de Oeiras, após a instalação, junto à praia de Santo Amaro, do monumento escultórico ‘À porta do Mar: Nave Visionista’. Desde 2017, o Salão Nobre Luís Vieira-Baptista, da Fundação Marquês de Pombal, em Linda-a-Velha, tem o seu nome e conta com obras suas em exposição permanente.