Danceteria Lido dá lugar a projecto habitacional

A Câmara Municipal da Amadora (CMA) fez saber que aprovou o licenciamento de obras de reabilitação no edifício que albergou o centro comercial e Cine-Teatro Lido, projectado na década de 1960 pelo arquitecto Carlos Antero Ferreira. O imóvel, situado à entrada de Queluz, encontra-se em ruínas há décadas.

Inaugurado em 1962, o edifício, onde funcionou também a Danceteria Lido, uma das mais famosas discotecas da região de Lisboa nas décadas de 1980 e 1990, vai manter as fachadas existentes e a sua volumetria, para ser adaptado a um novo uso, predominantemente habitacional.

Concebido com base numa ideia do industrial José de Sousa, responsável por uma parte importante do edificado urbano de Queluz, o Cine-Teatro Lido, inserido num aglomerado de prédios, foi construído como um edifício de traça modernista para servir de palco a espectáculos de Teatro e Cinema.

No projecto agora anunciado, de cariz privado, já aprovado pela autarquia, será também mantido um valioso painel de azulejos da ceramista Cecília de Sousa, representativo de uma época em que a Arquitectura era enriquecida com obras de artistas plásticos conceituados.

A manutenção deste elemento artístico icónico contribuiu para a preservação da memória do antigo Cine-Teatro e do próprio local. Após a recuperação do edifício, a CMA irá requalificar a Praça D. João I, no âmbito de um projecto que prevê a criação de lugares de estacionamento e de zonas verdes e de lazer.

CINE-TEATRO TRANSFORMADO EM DANCETERIA

Durante as décadas de 1960 e 1970, o Cine-Teatro, repartido por uma plateia e dois balcões e apoiado por dois bares e foyers, foi um dos espaços culturais mais importantes da Área Metropolitana de Lisboa. Nos anos 1970, foram realizadas alterações no edifício e inaugurada uma galeria comercial.

Mais tarde, nos anos 1980, o Cine-Teatro foi novamente adaptado, desta feita para dar início ao funcionamento de uma megadiscoteca, uma das maiores da Europa, que ficou conhecida como Danceteria Lido, onde se reuniam multidões de jovens à noite e durante as tardes de fim-de-semana.

Nos anos 1980 e 1990, ficaram conhecidas as tardes dançantes e inúmeras festas diurnas e nocturnas realizadas nesta famosa discoteca, com capacidade para 2.500 pessoas, que permanece na memória de muitos frequentadores oriundos dos concelhos da região de Lisboa e não só.

Com a explosão do negócio dos videoclubes, o cinema acabou por fechar, dando lugar ao espaço de culto de uma igreja em 1995, seguindo-se também o encerramento de outras actividades, devido à concorrência de superfícies comerciais mais modernas. Com apenas um restaurante e um bar a funcionarem, acabou por cair em degradação.

Já devoluto, o edifício acabou por ser palco de um grande incêndio em 2009, sinistro que destruiu por completo o interior e a cobertura. Na altura, o imóvel era ocupado à noite por indivíduos sem-abrigo e por toxicodependentes que ali se refugiavam. O estado de ruína manteve-se até hoje, bem longe do esplendor do passado.

 

Autor: Redacção

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