“O meu clube de coração é o Benfica”, confessa Francisco Kreye, que entrou para a equipa de vereadores da Câmara Municipal de Cascais (CMC) no seguimento dos resultados obtidos pela coligação ‘Viva Cascais’, formada por PPD/PSD e CDS-PP, nas últimas eleições autárquicas realizadas em Setembro passado. Aos 32 anos, o presidente da concelhia de Cascais do partido criado por Adelino Amaro da Costa, Diogo Freitas do Amaral, Basílio Horta, Vítor Sá Machado e outros, quer marcar a diferença num dos pelouros que lhe foram entregues, Desporto. A seu cargo, no mandato para 2021-2025, tem também o pelouro das Relações Internacionais do Município.
Licenciado em Administração e Gestão Desportiva, o recém-chegado ao Executivo liderado por Carlos Carreiras já foi Director do Complexo Desportivo Municipal da Abóboda (Outubro de 2016 a Outubro de 2021), onde desempenhou funções de gestão e directoria-geral da organização desportiva. Durante a sua vereação ambiciona criar um novo organismo, o Conselho Municipal Desportivo, com o propósito de atingir patamares de eficácia e eficiência na forma de gerir os recursos disponíveis para a sua área de intervenção. Assume que “é objectivo da Autarquia tornar Cascais no maior ginásio ao ar livre em Portugal” e promete implementar um sistema inovador que permitirá uma maior equidade na distribuição dos apoios aos clubes.
Com a vereação na CMC como principal objectivo, Francisco Kreye diz estar também “muito atento à realidade interna” do CDS-PP, numa altura em que esta força política está dividida quanto à liderança de Francisco Rodrigues dos Santos. Com a situação política nacional posta de parte nesta entrevista, o vereador do Desporto da autarquia cascalense esteve à conversa com o jornal ‘O Correio da Linha’ para ficarmos a conhecer melhor as linhas orientadoras da sua vereação. Oportunidade ainda para o jovem autarca partilhar connosco o que pensa do Turismo em Cascais e para recordar alguns dos momentos mais marcantes da sua relação privilegiada com o concelho onde nasceu, cresceu e continua a viver.
Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Como surgiu esta oportunidade de ser vereador do Desporto?
Francisco Kreye (FK) – Fui convidado. Um processo autárquico tem sempre essa particularidade de que tem de ser uma vontade dos partidos políticos na escolha das suas figuras. Apesar de me considerar um jovem, já sou um munícipe e um cidadão atento do nosso concelho desde há muitos anos. Nasci na terra, fui criado na terra, já tive experiências internacionais fora do País, mas considero-me um filho da terra. Portanto, o meu grande amor sempre foi a nossa vila, sempre foi Cascais.
Eu costumo dizer que já residi em quase todas as freguesias. Vivi em Alcabideche até aos 15 anos, depois passei a residir na freguesia de Cascais/Estoril e também já tive experiências profissionais em todas as freguesias. Trabalhei durante muitos anos em Carcavelos/Parede e, mais recentemente, em S. Domingos de Rana.
CONSELHO MUNICIPAL DO DESPORTO
CL – O que acha que pode fazer diferente em relação ao Desporto no concelho?
FK – Eu divido as minhas prioridades para o mandato em duas fases. Num primeiro momento, visto que atravessamos esta fase de crise sanitária em consequência da pandemia COVID-19, o meu primeiro grande objectivo é reaproximar o Desporto da vida das pessoas. Os munícipes ficaram impossibilitados de realizar as suas actividades físicas, ficaram impossibilitados de ir ao paredão, os clubes viram-se impossibilitados de ver público nas bancadas, os pais deixaram de poder ir ver os seus filhos a jogar. É preciso voltar a criar essa ligação que se perdeu com a pandemia. Esse será o grande foco.
Numa segunda fase, precisamos de convocar todos os agentes desportivos a construir uma estratégia conjunta a curto, médio e longo prazos. Como é que o vou fazer? Envolvendo todos, numa lógica de democracia participativa, desenvolvendo e implementando o Conselho Municipal do Desporto, um órgão que vai ter representantes de todos os clubes, associações, modalidades e federações que tenham a sua base em Cascais, agrupamentos escolares e um representante da Assembleia Municipal, para, em conjunto com a Câmara, conseguirmos traçar um percurso, uma estratégia conjunta.
Não é sustentável ter uma estratégia a longo prazo em que todos não sejam ouvidos, todos têm que se sentir parte integrante do processo. Isso é muito importante. Isto não pode ser um vereador a ditar a estratégia à espera que os clubes e as associações desportivas, os atletas, executem.
CL – Diz querer “tornar Cascais no maior ginásio ao ar livre em Portugal”. O que vai fazer para alcançar este objectivo?
FK – Quando eu falo no ginásio ao ar livre isso prende-se com o enquadramento pandémico que estamos a viver e que vamos certamente continuar a viver ao longo do próximo ano. Ou seja, temos que usar aquilo que são as mais-valias territoriais de Cascais, o facto de termos um belíssimo paredão. É preciso aproveitar o paredão, as ciclovias que temos, os espaços verdes do concelho.
Estamos em conversações para voltar a avançar com algo que já foi feito: a iniciativa Marginal sem Carros. Mantenho contactos com o Município de Oeiras para conseguir uma colaboração entre os dois municípios. A ideia é estender esta iniciativa, que sempre foi só em Cascais, a Oeiras. Estou em conversações com o vereador do Desporto da Câmara de Oeiras, Dr. Pedro Patacho, para que possamos avançar com esta iniciativa. Já com o IronMan ocorreu uma parceria entre os dois concelhos, que correu muito bem.
CL – Qual é o balanço que a Câmara faz da realização do IronMan?
FK – Foi a primeira vez que Portugal recebeu o Full IronMan. Já tinha sido realizado o Half IronMan, mas o verdadeiro Homem de Ferro foi realizado pela primeira vez. Esta prova só foi realizada em 35 cidades do Mundo e Cascais foi uma delas. Foi a primeira vez que organizámos no concelho uma prova desportiva com este tipo de impacto. Tivemos 1200 operacionais no terreno. Nunca Cascais organizou uma competição com um dispositivo de segurança tão forte.
CL – Que outros eventos desportivos com esta dimensão podemos esperar em Cascais, que possam ajudar a promover o Turismo no concelho?
FK – Na nossa óptica, este tipo de eventos tem duas perspectivas muito interessantes: a económica e a turística, sendo que uma leva à outra. Tivemos o IronMan, que teve um impacto económico que acabou por ser superior ao que estava estimado. O contrato-programa custou 300 mil euros à Câmara e teve um impacto económico de 30 milhões de euros distribuídos no concelho, ao nível da hotelaria, restauração, comércio local, gabinetes de fisioterapia, aluguer de bicicletas… muita gente beneficiou com a organização da prova. Recebemos cerca de 4.000 participantes, 88 por cento dos quais estrangeiros. Tivemos 100 por cento de ocupação hoteleira durante uma semana em Cascais.
IRONMAN REGRESSA EM 2022
CL – O IronMan é para manter?
FK – Sim, é algo que já está fechado para 2022. Será no fim-de-semana de 15 e 16 de Outubro. Deverá decorrer nos mesmos moldes da edição deste ano. Estamos em conversações com a organização. Ainda estamos a alinhavar algumas questões, por exemplo, de que forma é que podemos reinventar a prova, porque temos consciência do impacto que teve no concelho. Fizemos algo histórico, nunca o centro da vila de Cascais tinha ficado isolado durante dois dias. Foi a primeira vez que o fizemos. Portanto, também temos consciência do impacto que isso teve na vida das pessoas. Vamos tentar organizar o mesmo evento, de forma inovadora, de forma criativa, mas procurando reduzir o impacto que teve na vida das pessoas.
CL – Muitos munícipes queixaram-se de falta de informação…
FK – O evento decorreu na primeira semana em que entrei em funções, comecei logo com o IronMan. Houve 20 mil ‘flyers’ distribuídos, que não é uma coisa pequena, nas zonas afectadas. Fizemos esse esforço de informar a população na restauração, na habitação, das zonas que estavam limitadas.
Há muitas coisas, obviamente, que podem ser melhoradas, nomeadamente esse aviso prévio às pessoas, com maior antecedência, para garantir que chegamos ao maior número de pessoas. Eventualmente, no futuro, poderemos utilizar mais os meios de Comunicação Social e não apenas os meios internos da Câmara.
CL – Que outras provas desta dimensão poderão vir a ser realizadas em Cascais?
FK – Ao nível dos eventos desportivos, daremos continuidade àqueles que tiverem maior significado para o concelho. Refiro-me às maratonas, à vela, ao golfe. Aí nós continuaremos a ser um grande ‘hub’ (pivô). E agora podemos começar a considerar a realização de mais dois eventos. Em 2022, no final de Abril/início de Maio, se tudo correr bem, voltaremos a ter o Estoril Open nos moldes pré-pandemia, com público a assistir nas bancadas do Clube de Ténis do Estoril. E temos também o Paddle. Recebemos pela primeira vez este ano, entre 31 de Agosto e 5 de Setembro, uma grande prova desta modalidade nos jardins do Casino Estoril.
CL – Atendendo ao historial de Cascais, vai privilegiar as modalidades ligadas ao mar?
FK – Face à nossa geografia e ao espaço em que nos encontramos, temos que olhar para o Mar como uma grande oportunidade. Utilizar esse potencial todo que temos e, face ao historial da vila, aprofundar a prática dos desportos náuticos no âmbito do desporto escolar, convocar as escolas a fazerem parte daquilo que é uma tradição marítima no concelho: a prática da vela. Segundo sei, o Clube Naval de Cascais tem sido um grande parceiro e um grande dinamizador dessas actividades. Também contaremos à partida com o Ocean Race, apesar de eu ainda não ter a confirmação final.
CL – Conhece bem a realidade dos clubes existentes no concelho? Já identificou as principais dificuldades que enfrentam?
FK – Os clubes têm na Câmara de Cascais o seu maior parceiro. É uma relação recíproca. Nós também contamos com os clubes como o nosso maior parceiro para execução daquilo que são as nossas políticas desportivas.
A primeira prioridade é reativar e aprofundar este apoio ao associativismo desportivo, retomando o pagamento das quotas. Em Cascais, qualquer atleta que se inscreva numa federação é a Câmara de Cascais que paga. Nós aliviamos os clubes dessas despesas, que são bastante significativas. Estamos a falar na inscrição de um atleta numa Federação Portuguesa de Futebol, por exemplo, que neste caso é a Associação de Futebol de Lisboa. Em seguros e inscrição, estamos a falar na ordem de 30/40/50 euros por atleta. Apoiamos todas as modalidades de formação dos nossos clubes.
Vamos reactivar também o apoio aos equipamentos desportivos, de treino e pessoais. Temos noção de que com a pandemia foram muitos os equipamentos desportivos que se deterioraram, devido a terem estado encerrados, por falta de manutenção. Vamos apostar muito, nos próximos dois anos, neste investimento para requalificação dos equipamentos.
Os clubes também necessitam de apoio à sua actividade desportiva regular, por exemplo nos transportes. Neste momento, temos os clubes a suportar deslocações a outros concelhos e a outras partes do País de forma completamente autónoma. É urgente colocar à disposição dos clubes a cedência de transportes, como era hábito em Cascais, de acordo com a nossa disponibilidade. Apoiamos as deslocações dos clubes a torneios nacionais e internacionais, apoiamos eventos em que os clubes são anfitriões, galas, aquisições de troféus, formação…
CL – No que diz respeito a apoios, falou em fazer diferente…
FK – O apoio será decidido de forma diferente. Estou a preparar um regulamento nesse sentido. Eu gostaria que o Conselho Municipal do Desporto, de que já falámos, pudesse pôr os clubes a votar e a aprovar isto em discussão comigo. Porque, para além da cedência habitual dos transportes, eu também farei questão de dar um valor líquido aos clubes para apoio aos transportes.
CL – Qual a verba que tem disponível daquilo que é o orçamento da Câmara para poder prestar esse apoio?
FK – Daremos um apoio em transportes superior a 200 mil euros.
CL – No conjunto dos clubes. Estamos a falar de quantos clubes? Qual o número de clubes registados no concelho?
FK – Temos 110 clubes e associações desportivas no nosso concelho.
MATRIZ DECIDE APOIO DE TRANSPORTES
CL – Como vai ser distribuído esse apoio aos transportes?
FK – Estamos a desenvolver uma matriz que avaliará cada clube e as modalidades que desenvolve, aos vários escalões existentes. Os clubes terão de se inscrever. Não vamos dar dinheiro a um clube que não tenha necessidade de transportes. Os clubes terão que dizer: ‘Eu quero, tenho este número de atletas e quero apoio para isto’. E nós, mediante isso, vamos analisar. Teremos em conta se são modalidades individuais ou colectivas, avaliaremos o foro competitivo, se é um clube que está a disputar uma competição regional ou nacional. Obviamente que aqueles que disputam um nacional têm mais pontos. É um sistema de pontuação. Aquilo que estamos a fazer é altamente histórico. Isto nunca foi criado, esta matriz de transportes.
CL – É, portanto, uma ruptura com o passado?
FK – No passado eram apoiados aqueles clubes que pediam, ou aqueles clubes que tinham maior influência. Esta matriz permitirá aos clubes e às modalidades, sejam eles quais forem, poderem candidatar-se e terem um apoio da Câmara, criando uma maior equidade na distribuição das verbas de transporte e uma maior justiça. Não podemos ter clubes que absorvem o bolo todo e outros que pouco recebem.
Se numa empresa privada certamente haveria uma matriz de critérios de atribuição dos transportes, ainda mais obrigação temos de o fazer tratando-se de dinheiros públicos. Não pode haver um critério lato e um critério quase facultativo: apetece-se dar, agora não me apetece dar, gosto da cara deste, agora não gosto da cara daquele, este tem direito a mais transporte. Isso não pode acontecer, tem de haver uma matriz.
CL – No fundo, isso pode ser visto como uma forma de disciplinar os clubes…
FK – Não escondo essa necessidade, obviamente. A verba para apoio de transportes em alguns anos, no passado, chegou a ser de 200/300/400 mil euros. Já houve verbas alocadas aos transportes para todos os gostos. Por vezes, tenho ouvido um discurso que diz que quando as coisas estão mal a culpa é da Câmara. Não, é o oposto, a Câmara está lá nos momentos todos, nos bons e, principalmente, nos maus. Normalmente, é a Câmara que encontra as soluções para os clubes, para os problemas que eles vão tendo no dia-a-dia, através de apoio, às vezes técnico e financeiro, e também com outras coisas não palpáveis. Outra grande questão que vamos ter em conta é a formação dos dirigentes desportivos.
CL – Portanto, os clubes não têm motivos de queixa por falta de apoios?
FK – Os clubes têm muitas formas de se financiar. Quando não recebem da Câmara Municipal, vão às Juntas de Freguesia, e ainda podem candidatar-se aos orçamentos participativos. Diga-me um clube que tenha encerrado nos últimos 20 ou 30 anos? Nenhum! Têm proliferado as actividades desportivas, e diversificadas. Nós estamos muito acima da média europeia nos índices desportivos da nossa população. É um concelho muito rico a nível da rede desportiva, de eventos desportivos. Temos equipas campeãs nacionais nas suas modalidades, temos clubes nas primeiras divisões, temos clubes de referência regional, nacional, temos atletas olímpicos.
CL – Vai promover uma maior aproximação entre clubes e escolas, para um maior aproveitamento das infraestruturas existentes no concelho?
FK – Neste momento, os equipamentos escolares são fundamentais para nós. São muitos os clubes, modalidades e atletas que utilizam os equipamentos escolares fora do horário escolar. A nossa biodiversidade desportiva é tão rica e tão diversa que temos praticamente todos os equipamentos escolares ao serviço dos clubes. É quase uma ocupação de 100 por cento.
CL – O que está programado ao nível do Desporto Escolar?
FK – Vamos reactivar, já para o próximo ano civil, aquilo que eram as nossas práticas e políticas públicas de incentivo à actividade física na escola, seja através do programa ‘Nadar a Brincar’, que introduz a Natação às crianças, seja através do ‘Desporto ao ar Livre’, com programas específicos. Vamos reativar o corta-mato. Antes da pandemia, o corta-mato era praticado nos agrupamentos escolares, depois juntavam-se os melhores de todas as escolas. Isso vai ser reactivado em breve. Vamos também lançar um programa muito giro, até para divulgar o troço da Ribeira das Vinhas, que vai até ao Pisão. Vamos levar as escolas para esses locais.
CL – É Vice-Presidente da Associação de Turismo de Cascais (ATC). Esse cargo é para manter?
FK – Ainda sou Vice-Presidente não executivo da ATC, mas, face à vereação que assumi, vou desvincular-me desse cargo.
CL – No seu entender, quais devem ser as principais apostas do Turismo em Cascais?
FK – Temos que apostar num Turismo que seja sustentável, devemos fugir àquele Turismo massivo que gera vários constrangimentos, desgaste de infraestruturas, desgaste daquilo que são as nossas características naturais. E devemos, obviamente, aproveitar um tipo de Turismo que seja sustentável a longo prazo e que faça com que aqueles que nos visitem se tornem nos maiores embaixadores de Cascais pelo Mundo.
Temos que usar a nossa proximidade à capital, temos que conseguir chegar a esse turista que nos visita. Estamos a 20 minutos de Lisboa. E também temos que apostar em ser um ‘hub’ mundial de conferências. Já o somos através do Centro de Congressos do Estoril, mas temos que apostar mais nesse domínio. Neste momento, Cascais tem um ‘core’ de eventos e conferências mundiais que nós não conseguimos absorver. Temos de criar espaços para poder receber os maiores eventos mundiais, como a maior feira anual internacional de carros, ou a maior feira de casamentos do Mundo.
“NÃO EXCLUÍMOS HIPÓTESE DE VOLTAR A TER FÓRMULA 1”
CL – A Câmara de Cascais vai procurar trazer mais provas para o Autódromo do Estoril?
FK – Neste momento, o Autódromo está muito próximo de uma ocupação plena, nomeadamente aos fins-de-semana. Talvez as pessoas não tenham consciência disso.
CL – Apesar de tudo, não são as provas mais destacadas do panorama mundial e nacional…
FK – Mas na óptica da sustentabilidade do Autódromo é bastante interessante. Está com uma utilização bastante considerável, com alguns eventos que, obviamente, não são os de primeira linha mundial, mais conhecidos dos portugueses, como a Moto GP ou a Fórmula 1 (que, infelizmente, o Governo de Portugal, estrategicamente, entendeu que a aposta seria em Portimão), mas estou em crer que há um futuro para o Autódromo. Não o posso dizer agora, mas vai ter.
CL – O Autódromo do Estoril vai voltar a ser palco de um Grande Prémio de Fórmula 1?
FK – O Autódromo sofreu investimentos interessantes, nomeadamente um piso novo, que está de excelência. Há ainda uma parte por completar, por exemplo, nas bancadas, mas eu acredito que o Autódromo poderá ter um futuro interessante, ao contrário do que muitos pensam. Existem conversações para trazer provas internacionais de vulto. Não excluímos a hipótese de voltar a ter a Fórmula 1, mas isso não pode ser só Cascais a decidir. Depende de um investimento muito considerável.
CL – O que o marcou mais na sua vivência em Cascais?
FK – Foi o facto de eu ter crescido aqui, a minha ligação à terra, o modo como o meu concelho me permitiu sempre desfrutar da nossa perspectiva natural, das praias, do desporto que aqui pratiquei. Eu fiz ténis, karaté e futebol. Depois a minha mãe obrigou-me a escolher uma. Disse que era muito desporto, que já não aguentava levar-me a tantos sítios e eu, na altura, escolhi o Dramático de Cascais. Fui atleta federado do clube durante 10 anos em Futebol. Fiz amigos em todos os clubes do concelho. A minha geração fez subir o Dramático para as divisões nacionais em Futebol 11. Eu era lateral direito e esquerdo. Marcava pouquinhos golos. Era só mais nos cantos, lá subia e marcava um golinho.
CL – Se tivesse de servir de cicerone a um amigo que viesse do estrangeiro, o que lhe mostrava?
FK – Mostrava-lhe a baía mais bonita do Mundo: Cascais. Por muito que viaje, não encontro baía como a nossa. Mostrava-lhe o centro histórico da vila e terminaria a jantar num dos restaurantes onde é possível comer dos melhores peixes do Mundo, que é a nossa orla costeira da zona do Guincho, onde não abdicam da qualidade, têm esse mérito.
CL – Qual a marca que gostaria de deixar nesta vereação?
FK – Gostaria de deixar uma rede desportiva altamente apoiada, sólida, consistente em resultados desportivos, mas mais importante ainda, um concelho que respire Desporto e onde o Desporto seja o centro de vida das pessoas, algo fundamental no seu quotidiano.