Entre os dias 2 e 10 de Setembro, a Praia Grande, um dos areais mais conhecidos do concelho de Sintra, vai voltar a ser palco do Sintra Bodyboard Pro Fest, o maior festival desta modalidade realizado em Portugal, que costuma atrair a atenção de muitos apaixonados por este desporto de ondas. Numa altura em que os desportos de mar estão a crescer cada vez mais em importância e popularidade entre nós, dando a conhecer além-fronteiras as potencialidades de que o nosso País desfruta neste domínio, a Associação de Bodyboard e Surf da Costa de Sintra organiza o evento desportivo com a colaboração e o apoio da Câmara Municipal sintrense, nesta edição com aliciantes suplementares.
Este ano, o Sintra Bodyboard Pro Fest reparte-se na realização da terceira etapa do Nacional de Bodyboard Crédito Agrícola (2 e 3 Setembro), de uma etapa do Circuito Europeu Open masculino (4 e 5 de Setembro) e de uma etapa do Circuito Mundial de Bodyboard nas divisões Feminina, Dropknee e Pro Junior (6 a 10 Setembro). Mais uma vez, este importante evento desportivo coloca a Praia Grande no calendário do Circuito Mundial de Bodyboard, algo que não é novidade para o concelho sintrense, mas que acarreta sempre, e renovadamente, uma responsabilidade que a organização sente orgulho em enfrentar com a expectativa de satisfazer cada vez mais os atletas participantes e o muito público e aficcionados presentes.
A organização estima que a edição 2023 do Sintra Bodyboard Pro Fest reúna cerca de centena e meia de atletas, entre nacionais e estrangeiros, sendo que um dos aliciantes do evento será a atribuição nesta prova do título mundial da divisão de Dropknee. A contagem decrescente está a decorrer para receber o maior evento da história do Bodyboard português, com as presenças já confirmadas de alguns dos melhores bodyboarders mundiais, e as expectativas são altas. “É um grande orgulho e honra para nós. Esta prova coloca Sintra, uma vez mais, em destaque no circuito mundial de Bodyboard e dá a conhecer as nossas ondas e o nosso mar”, referiu o presidente da CMS, Basílio Horta, a propósito da realização deste evento.
Para ficar a saber mais sobre o Festival de Bodyboard que tem levado as imagens da Praia Grande e o nome de Sintra pelo Mundo afora, ajudando a promover a região além-fronteiras, o jornal ‘O Correio da Linha’ esteve à conversa com João Campos, presidente da Associação de Bodyboard e Surf da Costa de Sintra, entidade organizadora do evento, que aproveita para puxar pelos galões e realçar que, este ano, o Sintra Bodyboard Pro Fest reveste-se de “um carácter especial”, já que “conjuga o Mundial, que recebemos pelo 27.º ano, com a novidade de termos também os circuitos nacional e europeu, algo que transforma este evento num festival de características únicas no calendário internacional”.
TRÊS ETAPAS NUM SÓ EVENTO
Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – Quais as principais novidades deste 27.º Sintra Bodyboard Pro Fest?
João Campos (JC) – As principais novidades do Sintra Bodyboard Pro Fest 2023 é que vai ser um evento com as principais etapas do Mundo, ou seja, vamos ter uma etapa do Circuito Nacional, uma etapa do Circuito Europeu e uma etapa do Circuito Mundial. Além destas etapas, vamos ter várias actividades para o público, como, por exemplo, uma exposição de Pranchas de Bodyboard Vintage, acções de limpeza da praia, criação de espaços para a prática do Voleibol de Praia e outras mais.
CL – O que distingue este Festival dos restantes? O que o diferencia?
JC – Nunca tivemos, pelo menos em Portugal, um evento que se centrasse apenas em Bodyboard. É um evento que vai juntar atletas de nacionalidades do Mundo inteiro. E temos ainda a componente de ter três etapas realizadas num só lugar durante nove dias.
CL – Quantos atletas contam receber nesta edição do evento?
JC – Esperamos receber à volta dos 150 atletas de todo o Mundo.
CL – Existem alguns nomes de participantes nesta edição, nacionais e estrangeiros, que possam ser divulgados?
JC – Temos vários nomes muito conhecidos da comunidade do Bodyboard, como, por exemplo, Joana Shenker (campeã do Mundo), Pierre-Louis Costes (duas vezes campeão do Mundo), Dave Hubbard (nove vezes campeão do Mundo em Dropknee), Sari Ohhara (campeã do Mundo), Sammy Morretino (quatro vezes campeão do Mundo em Dropknee), Joel Rodrigues (vencedor do Nacional em 2022), Filipa Broeiro (campeã do Nacional 2022) e muitos outros.
CL – Com quantas pessoas conta a organização na equipa que prepara a realização do Sintra Bodyboard Pro Fest? Quantos deles são voluntários?
JC – A realização deste evento tem uma das principais parcerias na Câmara Municipal de Sintra, em que temos um acordo de parceria envolvendo o voluntariado dos jovens do concelho de Sintra, e contamos também com a colaboração dos membros da associação, que nos ajudam a realizar o evento.
CL – Quem desejar assistir às provas, como pode fazê-lo?
JC – Este evento é aberto a todo o público, não tem restrições nenhumas, fazemos o possível para que todo o público possa usufruir do evento. Como é um espaço aberto na praia, todo o público é bem-vindo para desfrutar de um dia de praia e, ao mesmo tempo, poder ver os atletas preferidos e apreciar a cultura que existe em torno do Bodyboard.
CL – Quais as estruturas de apoio ao Festival que estão previstas? Parques de estacionamento, alimentação, WCs, assistência médica, etc.?
JC – Todo o evento tem que ser organizado com toda a segurança possível, por isso temos o apoio da Protecção Civil de Sintra, para realizar um evento como ditam as regras. A nossa preocupação tem que ser em todo o evento, a começar no mar e a terminar nos espaços envolventes. Sabemos que o estacionamento na Praia Grande é difícil na altura do evento, por isso temos avisos a caminho do local sobre trânsito condicionado. Todavia, desde há alguns anos, o Município de Sintra tem apostado em novos parques de estacionamento para os utentes.
CL – Com que apoios oficiais conta a organização do evento?
JC – O maior apoio que temos é da Camara Municipal de Sintra, que nos tem apoiado sempre, há mais de 27 anos, com este evento. Sem o Município nunca conseguiríamos que o Sintra Bodyboard Pro Fest permanecesse aqui tantos anos seguidos. Depois, temos várias marcas ligadas ao Bodyboard, como a Refresh Boards, nossa parceira há muitos anos, e outras marcas como a Mimosa ou a MEO.
CL – Qual o montante dos prémios atribuídos aos atletas vencedores?
JC – O montante de ‘prize money’ para os atletas anda em torno dos 45 mil euros.
CL – O estatuto de maior festival de Bodyboard de sempre em Portugal é um triunfo, um orgulho, uma responsabilidade acrescida ou uma preocupação?
JC – É um misto de tudo junto. É um orgulho, pois nunca se realizou um evento com estas características em Portugal. É também uma responsabilidade, pois temos que conjugar todas as etapas num só evento. E é ainda uma preocupação para que tudo corra bem e para que tanto os atletas como o público fiquem satisfeitos com um evento desta envergadura.
CL – Quais foram os argumentos que levaram a International Bodyboarding Corporation a incluir a prova portuguesa no calendário do Circuito Mundial de Bodyboard em 2023?
JC – O Sintra Bodyboard Pro Fest é uma das provas percussoras do Mundial. Existe desde 1996 e já passámos por várias entidades reguladoras do Circuito Mundial, por isso tivemos sempre o apoio de todos para manter este evento como uma etapa do Circuito Mundial de Bodyboard.
“SEMPRE LUTÁMOS PARA REDUZIR A PEGADA ECOLÓGICA”
CL – Além da vertente desportiva, quais os restantes objectivos da realização deste evento? Existem, por exemplo, preocupações ambientais com vista a reduzir a pegada ecológica causada pelos muitos visitantes que se deslocam à Praia Grande?
JC – Sempre lutámos para reduzir a pegada ecológica. A comunidade do Bodyboard, e não só, sempre teve respeito pelas praias e defendeu um lema que usamos muito: destrói as ondas e não as praias. Estamos também ligados a várias organizações ambientais, com as quais desenvolvemos várias acções. Por exemplo, no ano passado, fizemos limpezas de praia, promovemos a apanha de beatas e outras iniciativas. Queremos uma praia limpa para toda a comunidade usufruir. Sempre apelámos ao público e aos atletas para usarem os transportes públicos, para ajudar a reduzir a pegada ecológica.
CL – Na qualidade de presidente da Associação de Bodyboard e Surf da Costa de Sintra, como vê a aposta e desenvolvimento dos desportos de mar na região?
JC – Estamos a ter um BOOM muito grande em Portugal. Em toda a nossa costa, temos belas praias para praticar desportos de onda, e contamos cada vez com mais escolas, por isso o desenvolvimento tem vindo a aumentar há já alguns anos. É sempre bom para a economia e não só. É uma forma de juntar vários factores. Além do desporto e exercício físico, é também uma maneira de estar em contacto com a Natureza e respeitar o que ela nos dá.
CL – Pode dar-nos uma ideia do número de escolas de Bodyboard e Surf existentes na região?
JC – Julgo que são 8 a 10 escolas.
CL – Existem números disponíveis sobre as receitas geradas pelo Sintra Bodyboard Pro Fest?
JC – O impacto económico gerado no Município de Sintra através deste evento é de centenas de milhares de euros. Em 2022, calculámos perto de 500 mil euros directos em receitas, mais a promoção turística gerada pelo evento.
CL – O que ainda falta fazer no domínio desportivo/turístico para promover ainda mais a realização deste tipo de eventos na região?
JC – O nosso calcanhar de Aquiles está nos patrocínios, sempre tivemos dificuldades em realizar estes eventos, pois temos muitas despesas e sem patrocínios fica difícil. Os atletas pagam as suas viagens, as inscrições, estadia e alimentação, e eles já têm dificuldades em realizar um ‘tour’ em completo, por isso quanto mais apoios os atletas tiverem melhor. Assim, se tivermos um evento com um ‘prize money’ maior, mais aliciante fica para os atletas. Acho que devíamos apoiar mais os atletas neste tipo de eventos, que dão a conhecer a modalidade e o País.
CL – Quais as principais dificuldades que a Associação de Bodyboard e Surf da Costa de Sintra tem encontrado para desenvolver a sua actividade?
JC – Apoios. Tudo se resume em apoios. Mais uma vez, se não tivéssemos o apoio e a ajuda da Câmara Municipal de Sintra seria muito difícil organizar este evento e demonstrações.
CL – Em termos de balanço do percurso já realizado, quais as principais etapas concretizadas pelo Festival durante a sua história para atingir o estatuto que tem hoje?
JC – São 27 anos de Sintra Bodyboard Pro Fest. Só parámos no ano de 2020, por causa da pandemia COVID-19, que assolou o Mundo inteiro. Mesmo assim, no ano a seguir, realizámos o Festival com muita dificuldade. Foi um teste para a organização, pois tivemos que fazer, de dois em dois dias, testes a todos os atletas e ‘staff’ por causa da COVID.
Foi muito difícil, tínhamos atletas a chegar de todo o Mundo e isso foi uma preocupação acrescida. Apesar das dificuldades, conseguimos fazer tudo bem, não tivemos qualquer atleta ou membro do ‘staff’ com um teste positivo.
Alcançámos um estatuto enorme, atendendo a que somos a prova mais antiga do Circuito Mundial sem interrupção, somos também a prova que deu o maior ‘prize money’ acumulado nos anos todos do evento. Fomos ainda uma das primeiras etapas a dar às atletas femininas um ‘prize money’ igual ao dos atletas masculinos.
CL – Como vê o futuro do Sintra Bodyboard Pro Fest?
JC – Esperamos que seja o início de um evento ainda maior para o ano de 2024 e seguintes e que seja um evento com mais apoios. Se assim for, teremos um evento com mais ‘prize money’ para os atletas e poderemos fazer um Festival digno para o concelho de Sintra e para todo o Mundo. Que o evento cresça a nível de público, de atletas e que todo o Mundo fique a conhecer o concelho de Sintra e as belas praias que temos para a realização de eventos desta natureza. Dar a conhecer Portugal e a modalidade de Bodyboard, em simultâneo, sempre foi o nosso maior objectivo.
ETAPA PORTUGUESA
A etapa portuguesa realizada na Praia Grande é a nona da época 2023 integrada no Circuito Mundial de Bodyboard. Entre os meses de Abril e Outubro, o ‘Tour’ que reúne a elite dos melhores bodyboarders mundiais, sob a égide do International Bodyboarding Association, passa pelo Brasil, Chile, Havai, Maldivas, França, Portugal, África do Sul, Marrocos e Ilhas Canárias.