Carlos Avilez: “O Teatro é o espelho de um povo”

O Teatro corre-lhe nas veias, é um palco onde encenou a vida e desenhou a carreira. Os primeiros passos foram dados enquanto actor, no Teatro Nacional, na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. E foi a conselho da grande Dama do Teatro Português Amélia Rey Colaço (1898-1990) que decidiu mudar os trilhos do sonho desejado para se lançar no rumo do destino. Uma dor difícil de curar que haveria de dar origem ao prazer de realizar a sua vocação por inteiro. A nova carreira mudou-lhe a vida, fez dele o encenador que trazia vaticinado no sangue.

Hoje, aos 85 anos, com cerca de sete décadas de carreira, ao longo das quais encenou mais de 260 peças dos principais dramaturgos mundiais, Carlos Avilez ainda deseja mais e não deixa de acreditar que o Teatro está bem de saúde e recomenda-se. De pedra e cal no Teatro Experimental de Cascais (TEC) e na Escola Profissional de Teatro de Cascais (EPTC), ao falar sobre a sua Arte, o brilho do olhar não engana: a paixão está mais acesa do que nunca.

O jornal ‘O Correio da Linha’ esteve à conversa com o encenador, que logo no início do seu percurso ganhou o estatuto de ‘enfant terrible’ do Teatro Português, mercê de abordagens inovadoras e ousadas, uma imagem de marca que lhe granjeou êxito, total admiração do público e dos seus pares, bem como inúmeras, e merecidas, distinções.

Jornal ‘O Correio da Linha’ (CL) – O que o levou a desenvolver uma carreira no Teatro?

Carlos Avilez (CA) – Eu nunca pensei ter outra carreira. Para mim, foi sempre o Teatro desde sempre. Sempre fui uma pessoa de Teatro e cá estou uma pessoa de Teatro.

CL – O Teatro consegue competir com o Cinema e a Televisão, na captação de actores e de espectadores?

CA – Claro que sim. É completamente diferente. Um espectáculo de Teatro é um espectáculo ao vivo. O Cinema e a Televisão são espectáculos completamente diferentes. Agora, um grande actor de Teatro é um grande actor em Televisão e em Cinema, em tudo. São realidades completamente diferentes. Acho que uma não prejudica as outras. Aliás, a Televisão permite, provavelmente, uma maior divulgação dos nomes dos actores, comparativamente com o Teatro, mas as coisas completam-se e nós estamos a funcionar todos em conjunto. E os grandes actores de Teatro estão a fazer Televisão e vice-versa. O Teatro sempre conseguiu competir com tudo, competiu quando apareceu a Rádio, competiu quando apareceu a Televisão, competiu quando apareceu a Internet. O Teatro sobrevive. É uma arte que sempre sobrevive a tudo.

CL – A Internet pode fazer alguma coisa em benefício do Teatro, ou é mais uma ameaça na luta pelas audiências?

CA – A Internet pode beneficiar na divulgação, no conhecimento, na descoberta, na procura que nós possamos fazer. Claro que a Internet é uma evolução muito grande a todos os níveis, e pode beneficiar em tudo o que seja importante num Teatro que se quer inovador.

CL – No passado dia 12 de Outubro, a Escola Profissional de Teatro de Cascais (EPTC) assinalou o seu 30.º aniversário. O que representou isso para si?

CA – Foi um momento único na minha vida. A Escola de Teatro foi decisiva para mim. A partir do momento em que comecei a lidar também com a gente nova, comecei a renovar todo o meu processo de trabalho. E é muito bom ver gente tão boa aparecer, tanta gente a querer vir para a Escola de Teatro e tanta gente boa a sair da Escola de Teatro. Muitos actores que fizeram parte da Escola de Teatro estão já aqui a fazer as suas carreiras.

“ESTAMOS A FORMAR ACTORES PARA O FUTURO”

CL – Qual a principal preocupação da EPTC nos ensinamentos que passa aos seus alunos?

CA – Nós não estamos a formar actores só para agora. Estamos a formar actores para o futuro. A realidade que se aproxima é muito lenta, é muito estranha, é muito difícil… e nós temos de pensar isso tudo para os novos actores que estamos a formar e não para os actores que estamos a ver agora. Estamos a pensar actores para o futuro, é essa a nossa principal preocupação. E claro que é também uma preocupação a qualidade de agora, evidentemente.

CL – Quais os requisitos para um jovem poder inscrever-se na EPTC?

CA – É preciso ter o 9.º ano completo, para se inscreverem. E depois fazem o 10.º, o 11.º e o 12.º ano nesta Escola na área do Teatro, mas que é equivalente às outras áreas. Temos professores do mais alto nível, professores de qualidade, professores que eu tenho a honra de ter a trabalhar comigo.

CL – A Escola mantém alguma colaboração com outras companhias de Teatro, com vista à inserção profissional dos alunos finalistas?

CA – Nós temos uma boa relação entre as companhias de Teatro todas e é muito bom ver actores meus, actores que saíram da minha escola, a trabalhar em outras companhias e a trabalhar com outros colegas meus.

CL – Há muitas desistências a meio dos cursos?

CA – Não há desistências praticamente quase nenhumas. O ano passado acabaram 50. E este ano vão acabar 50.

CL – Pode dar-nos alguns nomes de alunos que tenham singrado enquanto profissionais?

CA – Acho que não posso preferir ninguém. Houve muitos nomes que singraram. Posso referir alguns, mas não quero, porque são todos tão bons, que eu não quero escolher ninguém.

CL – Como recorda a sua estreia como encenador?

CA – A minha estreia como encenador foi um bocado escandalosa. Eu tinha já feito uma experiência minha como encenador numa peça que eu tinha escrito na Sociedade Guilherme Cossul. E depois, passados uns anos, fiz ‘A Castro’, uma tragédia clássica da autoria de António Ferreira, que foi pela primeira vez feita com trajes de hoje e concepção moderna e foi um escândalo, foi uma coisa que teve muito êxito. Foi aí que eu comecei a minha carreira como encenador. Foi assim que comecei.

CL – O que sente quando assiste à estreia de um trabalho seu?

CA – Eu, quando vejo uma encenação, é uma sensação estranha. É a concretização de um projecto, de uma ambição, de uma forma de se estar na vida. Cada espectáculo meu é um momento da minha vida, portanto, perante uma encenação que estreio, estreia-se sempre uma preocupação de dar qualidade, se será boa, e saber também o que vai acontecer a seguir.

CL – Como ocorreu a sua vinda para Cascais?

CA – Eu comecei no Teatro Nacional, na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro. Entrei como actor em 1956 e permaneci até 1963. Nessa altura, saí do Teatro Nacional, porque fui convidado para o Teatro Experimental do Porto (TEP). Depois, em 1964, passei pelo Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC) e, mais tarde, em 1965, passei para o Teatro Experimental de Cascais (TEC).

Foi para mim importante e decisivo ter trabalhado no Teatro Nacional, com os melhores actores. Aprendi muito, mas terminei a minha carreira como actor para ir para encenador. Foi no TEP que iniciei a minha carreira como encenador. Segui a recomendação da Senhora Amélia Rey Colaço, que achava que a minha vida devia ser não de actor, mas de encenador.

CL – O que o levou a fundar o TEC?

CA – Eu tinha um colega meu de sempre, que era o actor João Vasco, com quem já tinha trabalhado na companhia itinerante ‘Gente Nova em Férias’, e ele disse-me que havia um teatro livre em Cascais – ele morava em Cascais, eu morava em Lisboa -, que era o Teatro Gil Vicente, e que nós podíamos vir para Cascais. Viemos falar com o Presidente da Junta de Turismo da Costa do Sol, na altura o Sr. Joaquim Miguel de Serra e Moura, que nos abriu as portas imediatamente. Ele tinha uma visão espantosa de que o Teatro tem importância no Turismo. Era um inovador. E nós viemos para Cascais, porque o João Vasco nos trouxe para Cascais.

Além da ‘Gente Nova em Férias’, tínhamos feito várias outras experiências, e fizemos aqui uma companhia, resolvemos criar um grupo que se tem mantido durante muitos anos, um grupo que está a fazer 57 anos. Criámos uma companhia, isso foi sempre a nossa ambição. Minha, do meu colega João Vasco e de outros colegas nossos. Mas nós dois, cá temos estado e continuamos a estar aqui. A primeira peça que estreámos no Teatro Gil Vicente, ‘Esopaida’, de António José da Silva, foi em Novembro de 1965.

“NÃO ME ENVERGONHA PEDIR SUBSÍDIOS”

CL – Com que apoios conta a companhia?

CA – Contamos com o apoio da Direcção-Geral das Artes, da Câmara Municipal de Cascais (CMC) e da Fundação Calouste Gulbenkian. E contamos também com o apoio do público, que é muito importante para mim. E, às vezes, temos alguns mecenas. É assim que nós trabalhamos. Mas trabalhamos porque nós precisamos de ser apoiados para fazer este tipo de Teatro. E é assim que sobrevivemos. Aliás, eu passei a vida a pedir subsídios e continuo a pedir subsídios. Não me envergonha! Acho que justificamos os subsídios que recebemos pela qualidade do trabalho que fazemos.

CL – Já foi também actor. Como encenador, conhece este outro lado do Teatro. Como foi esta passagem?

CA – Quando a Senhora Amélia Rey Colaço me disse que eu podia ser encenador, eu tive um grande desgosto, porque eu gostava muito de ser actor e não tinha percebido que não era actor, eu era um encenador. Por isso essa passagem foi difícil para mim, mas agradeço-lhe profundamente, porque eu realmente não era um actor, eu sou um encenador e devia ter sido sempre um encenador e só um encenador.

Agora, a minha experiência como actor foi muito importante. Eu consegui, como encenador, ter uma experiência que é muito útil para mim. Como actor, eu percebi bem as dificuldades e os problemas dos encenadores e dos actores. Portanto, como encenador, quando estou a dirigir, tenho sempre essa noção da dificuldade que é ser actor, de estar num espectáculo a seguir as orientações do encenador e de estar à procura de uma personagem.

CL – Como é viver do Teatro em Portugal? Quais as maiores dificuldades enfrentadas pelos actores e encenadores?

CA – Desde 1935, que já se dizia que o Teatro estava em crise. E continua a haver as crises no Teatro, mas sobrevivemos. O Teatro sobrevive e cada vez com mais força, cada vez com mais entusiasmo, cada vez com mais vontade de trabalhar. Portanto, nós cá estamos, especialmente agora, que há um novo espaço, que é o Edifício Cruzeiro, e o nosso Teatro Mirita Casimiro, bem como o apoio da CMC. Portanto, no fundamental, da forma como nos têm recebido e tratado ao longo destes anos todos, tenho recebido sempre o apoio da Autarquia.

CL – Há muitos jovens a procurar formação como actores, muitos atraídos pelo desejo de ingressar na Televisão. As companhias de Teatro têm capacidade para atrair e absorver estas novas gerações de actores?

CA – As pessoas que venham para o Teatro através do que vêem na Televisão, que nós depois conquistamo-las. Depois, quando chegam cá, as pessoas entram numa perspectiva de vir para o Teatro. Nós, depois, ensinamos-lhes, naturalmente, o que é Teatro. O Teatro é uma profissão muito estranha, é uma coisa fascinante, é quase uma religião, no bom sentido da palavra. Depois, eles aprendem o que é realmente ser actor, fazer Teatro. E sempre que possam vir para cá, nós começamos a dar-lhes a entender o que é esta profissão e as dificuldades que tem, que é uma profissão muito difícil, que exige muito trabalho, e que exige realmente querer muito fazer parte disto e querer muito fazer o Teatro com a qualidade que nós defendemos e pretendemos que seja atingida.

CL – No caso da EPTC, em média, quantos alunos seguem carreiras no Teatro?

CA – Uma grande percentagem dos alunos que saem daqui estão a fazer carreira. É público! Estão a fazer carreiras ao mais alto nível. Mesmo quem não faz carreira, a experiência teatral foi muito útil para a sua vida quotidiana, para a sua relação com as pessoas, para a sua imagem. E no que respeita à sua profissão, isso também é muito importante.

“O TEATRO NÃO É UM PARENTE POBRE”

CL – O Teatro é um parente pobre da Cultura?

CA – Eu acho que o Teatro não é um parente pobre, o Teatro é o espelho de um povo. Depende dos responsáveis pela Cultura a importância que lhe dão. A partir daí, o Teatro não é um parente pobre, o Teatro é um parente rico.

CL – Os jovens vão ao Teatro enquanto espectadores? Existe esse hábito?

CA – Claro que sim. Actualmente, grande parte da percentagem dos públicos é de gente jovem. O que é fascinante é ver as plateias dos teatros com tudo, naturalmente com todas as idades, mas há uma percentagem enorme de gente nova. Não só no TEC, mas em todas as outras companhias. Estão sempre cheias de gente nova e com grande entusiasmo.

CL – O TEC tem desenvolvido algum programa/iniciativa especial destinada a levar os jovens a desenvolver o gosto de ir ao Teatro?

CA – Claro que nós fazemos várias tentativas, várias experiências. Houve uma altura em que desenvolvemos um projecto de Teatro com as escolas, trabalhámos junto com outras escolas, com outras companhias e desenvolvemos várias actividades. Até os próprios alunos são os primeiros a desenvolver o interesse das pessoas pelo Teatro. Há muita gente nova, amigos e colegas e gente que quer fazer Teatro, estão aqui e nós fazemos esse trabalho. E fizemos durante muito tempo espectáculos de teatro infantis. Tivemos também um trabalho muito intenso para criar público. Não é fácil criar público. Criar público é uma coisa que é quase tão importante como criar um espectáculo. E nós criámos um público. Nós, hoje, esgotamos as casas, porque criámos esse público ao longo dos tempos.

CL – Têm algum programa com as escolas do concelho de Cascais?

CA – Nós temos um programa direccionado para as escolas de Cascais, temos uma escola e essa escola também está em contacto com as outras escolas. Nós convidamos sempre essas escolas e grande parte dos alunos vem aqui. São convidados, vêm assistir aos espectáculos, os professores trazem-nos. Nós dependemos também muito dos professores das escolas. Respeitamos todos, mas alguns estão mais vocacionados para a área da Cultura e do Teatro. E esses trazem os seus alunos aqui. Nós temos condições especiais para que eles venham. Gostamos muito que eles venham ao Teatro e, se for a primeira vez, temos a preocupação que voltem. Por isso a importância enorme do teatro para crianças e para jovens. Se um jovem vai ao Teatro pela primeira vez e não gosta, dificilmente se adapta e vai gostar mais tarde. É preciso criar novos públicos, que eles vêm.

“JÁ FIZ MAIS DE 260 ENCENAÇÕES”

CL – Qual a peça/peças que mais gostou de encenar?

CA – Claro que há algumas mais especiais, mas, fundamentalmente, há peças que são para mim muito importantes. São tantas. Tenho 260 e tal encenações. Gosto de encenar todas e gosto, especialmente, de encenar uma nova peça. Entre as mais especiais, sei lá, posso referir ‘Rei Lear’, ‘La Nonna’, ‘Galileu Galilei’, ‘Ricardo II’, ‘O Encoberto’…

E as óperas, gostei muito de fazer óperas (entre as óperas que Carlos Avilez encenou no Teatro Nacional de S. Carlos, contam-se ‘Carmen’, ‘Contos de Hoffmann’, ‘Kiu’, ‘As Variedades de Proteu’, ‘Ida e Volta’ e ‘O Capote’; também encenou ‘O Barbeiro de Sevilha’, ‘La Traviatta’, ‘Madame Butterfly’, ‘Tosca’ e ‘Don Giovanni’ em vários locais do País).

Também gostei muito de fazer os espectáculos no Japão. (Em 1970, Carlos Avilez foi Director Artístico e responsável pelo dia consagrado a Portugal na Expo’70, em Osaka).

CL – Durante a sua longa carreira, que momentos recorda com maior prazer?

CA –Recordo momentos apaixonantes que tenho vivido ao trabalhar com os melhores actores e ter feito com eles grandes espectáculos. Recordo a relação que tenho tido com grandes actores, grandes pintores, grandes músicos e intelectuais. São pessoas que marcaram completamente a minha vida. Não posso deixar de falar em tantas pessoas, como a Natália Correia, Mestre Almada Negreiros, Mestre Lagoa Henriques, Maria Barroso… Pessoas com quem eu contactei, com quem eu tive uma experiência muito próxima, e que me fizeram aprender e perceber o que era fazer Teatro, o que era ser culto, o que era ser pessoa, o que era ser Homem.

CL – Qual a peça/peças que gostaria de encenar e que ainda não lhe foi possível?

CA – ‘Henrique VIII’, que eu espero poder encenar para o ano, ou no ano seguinte. Sei lá, tantas peças que eu gostava de fazer. Apesar de ter 70 anos de carreira, espero ainda fazer algumas. Espero continuar a fazer espectáculos que têm interesse para o público. É um prazer estar em Cascais. Fomos muito bem acolhidos. Criámos aqui uma escola, criámos aqui uma grande companhia. Estamos a fazer Teatro em Cascais e as pessoas têm-nos apoiado e eu espero que continuem a apoiar-nos.

CL – Projectos actuais em cena no Teatro Experimental de Cascais?

CA – Actualmente, em cena no TEC, temos ‘A Senhora Ministra’, que é uma peça escrita por Eduardo Schawlback, uma peça muito divertida, uma peça muito actual, uma peça que nós gostamos muito de fazer, e estamos à espera de que venham todos ver.

CL – Projectos futuros?

CA – Temos um programa a quatro anos. Para o ano que vem, vamos fazer ‘A Noite dos Assassinos’, do dramaturgo cubano José Triana (uma história que reporta aos anos 1950, antes da revolução cubana, que culminou com a destituição do ditador Fulgencio Batista, em 1959), a que se seguirão uma peça sobre Federico García Lorca e depois, finalmente, ‘Electra e os Fantasmas’, do dramaturgo norte-americano Eugene O’Neill.

Mas temos um projecto a quatro anos, de acordo com as candidaturas ao concurso de apoio à programação dos teatros e cineteatros da Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses (RTCP).

CL – Como vê o futuro do Teatro?

CA – Sorridente, real, expectante, entusiasmante e revolucionário.

 

 

UMA VIDA RECHEADA DE ÊXITOS

Carlos Vítor Machado, mais conhecido por Carlos Avilez, nasceu em 1937. A sua estreia profissional como actor ocorreu em 1956, na Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, onde permaneceu até 1963.

A conselho de Amélia Rey Colaço, desistiu da carreira de actor e reorientou o seu percurso profissional para o domínio da encenação. Ainda em 1963, levou ao palco a peça ‘A Castro’, de António Ferreira, na Sociedade Guilherme Cossoul.

A encenação que assinou nesta primeira peça, considerada inovadora e arrojada, causou sensação e agitação no meio artístico lisboeta, o que o fez conquistar rapidamente o estatuto de ‘enfant terrible’ do Teatro Português.

Antes de fundar o Teatro Experimental de Cascais (TEC), em 1965, passou pela Sociedade Guilherme Cossoul, pelo Teatro Experimental do Porto (TEP) e pelo Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra (CITAC).

Visto como um projecto inovador, o TEC trouxe uma lufada de ar fresco com as suas produções, atraindo para as suas fileiras alguns dos maiores vultos da cultura portuguesa e uma corrente de público desejosa de novas ideias e propostas.

Em 1992, no seguimento de um desafio lançado meses antes pelo então ministro da Educação Roberto Carneiro (1987-1991), fundou a Escola Profissional de Teatro de Cascais, que assinalou o seu 30.º aniversário no passado dia 12 de Outubro.

Com mais de 260 peças encenadas, nas quais trabalhou com alguns dos principais actores portugueses, Carlos Avilez foi também director do Teatro Nacional D. Maria II e do Teatro Nacional de S. João, bem como Presidente do Instituto de Artes Cénicas.

Ao longo da sua profícua carreira, foi agraciado com inúmeras distinções, entre as quais a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique, Medalhas de Honra e Mérito Municipal da CMC e Medalha de Mérito Cultural da Secretaria de Estado da Cultura.

Autor: Luís Curado

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