‘Titanic’ de Cascais vai desaparecer

O Centro Comercial CascaisVilla, baptizado pelos cascalenses como ‘Titanic’ devido à sua forma de barco, vai desaparecer até 2025, confirmou a Câmara Municipal de Cascais (CMC). O espaço privilegiado ocupado pelo polémico edifício, à entrada nascente de Cascais, vai ser alvo de um projecto de requalificação que, ao que tudo indica, deverá ser assinado pelo famoso arquitecto britânico Norman Foster.

“Mais um objectivo que está mais próximo de ser cumprido”, comentou o presidente da autarquia cascalense, Carlos Carreiras, actualmente a cumprir o seu terceiro e último mandato à frente do Município, na sua página pessoal no Facebook, onde partilhou uma notícia publicada recentemente no semanário ‘Expresso’, dedicada a esta nova alteração programada para aquela zona nobre da vila de Cascais.

Questionado pelo jornal, o autarca confirmou o projecto de requalificação, sem confirmar nem negar o nome de Norman Foster, e fez saber que o espaço ocupado pelo centro comercial desde 2001 será repartido por vários edifícios, com uma área de implantação mais pequena, estando igualmente previstas uma maior abertura da rotunda à entrada da vila e uma praça para fruição da população.

Foto: Paulo Rodrigues

OBRAS CONCLUÍDAS EM 2028

Estima-se que as obras de requalificação possam estar concluídas num período de dois a três anos, devendo ser realizadas entre 2025 e 2028. O projecto que está a ser preparado para o local actualmente ocupado pelo Centro Comercial CascaisVilla, construído durante o mandato autárquico do socialista José Luís Judas, vai conjugar áreas destinadas a habitação e espaços comerciais.

Na sequência da requalificação a ser operada, o terminal rodoviário actualmente a funcionar por baixo do centro comercial será transferido para o parque de estacionamento existente junto à estação de comboios do terminal ferroviário da Linha da CP, que liga Cascais ao Cais do Sodré, em Lisboa. De referir que a chamada Linha de Cascais tem vindo, também, a ser alvo de trabalhos de requalificação.

Arquitecto internacional de referência, reconhecido por inúmeras obras ousadas e emblemáticas construídas em todo o Mundo, Norman Foster, de 87 anos, é apontado como o ‘criativo’ escolhido para assinar o projecto que vai ser implementado no espaço ocupado pelo CascaisVilla, propriedade, desde 2017, da Bain Capital, uma sociedade de investimento sediada nos Estados Unidos da América.

Com as alterações que vão ser introduzidas, que incluem também as obras realizadas na unidade comercial do grupo francês Auchan junto à Avenida Marginal, que passou a contar com um novo edifício construído de raiz ao lado do antigo, inaugurado em 1973, e com um novo parque de estacionamento, vai finalmente concretizar-se a ambicionada transformação na entrada nascente de Cascais.

Foto: Paulo Rodrigues

EDIFÍCIO POLÉMICO INDESEJADO

Desde que foi inaugurado, no final de 2001, em leito de cheia, em terrenos inundáveis pela Ribeira das Vinhas, o polémico Centro Comercial CascaisVilla nunca reuniu consensos, tendo sido fortemente criticado por muitos cascalenses que se referiam ao edifício, construído com forma de barco, como o ‘Titanic de Cascais’. Desde sempre, foi encarado como um ‘bilhete postal’ indesejado para a entrada da vila.

“Finalmente conseguimos resolver o CascaisVilla e para isso foi precisa muita teimosia, mas felizmente neste momento está resolvido”, comentou Carlos Carreiras nas declarações prestadas ao ‘Expresso’, referindo que o centro comercial “irá abaixo” para “fragmentar-se em vários edifícios”. Adiantou ainda o autarca que o espaço passará a ter “uma função diferente daquela que tem hoje”.

Além do centro comercial com supermercado, dezenas de lojas, zona de restauração e salas de cinema, o ‘Titanic’ conta com um parque de estacionamento subterrâneo com capacidade para 600 lugares, onde funciona também um terminal rodoviário. Depois do fôlego inicial, o espaço comercial foi perdendo o élan e entrou, nos últimos anos, numa fase menos auspiciosa, com várias lojas desocupadas.

Apesar de ter sido construído durante a gestão do socialista José Luís Judas (1993-2001), o CascaisVilla acabou por ser inaugurado já no início do primeiro mandato do social-democrata António Capucho, em Novembro de 2001. Durante a sua presidência à frente da CMC, Carlos Carreiras nunca escondeu a ambição de implementar um projecto de requalificação capaz de dotar a nova entrada de Cascais com a “dignidade” tão desejada por muitos cascalenses.

Autor: Luís Curado

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