A vila de Cascais passou a contar com um novo equipamento cultural. Trata-se do Museu da Misericórdia, instalado ao lado da Igreja da Misericórdia, que também foi alvo de grandes obras de requalificação. O novo espaço museológico, que expõe ao público inúmeras e importantes peças que recordam os quase 500 anos de História comum da instituição e do concelho cascalense, foi inaugurado no passado dia 10 de Abril.
Os visitantes do Museu vão poder apreciar inúmeras pinturas realizadas ao longo de quatro séculos e objectos de culto com grande simbolismo histórico, muitos deles utilizados em procissões, que atestam a riqueza da colecção e ilustram a ligação privilegiada entre a Arte e a Religião ao longo dos séculos, uma relação que no caso da Miserircórdia de Cascais remonta a 1551, ano em que a instituição foi fundada.
Como realça a Câmara Municipal de Cascais (CMC) na sua página na internet, “a história de Cascais funde-se com a própria história da Misercórdia no concelho, ou não fosse esta uma das associações mais antigas do Município”, sendo que o espaço museológico inaugurado “apresenta 500 anos de parte da história do concelho”, que pode agora ser conhecida e revisitada pelos cascalenses e não só.
Instituída a 11 de Junho de 1551, a Santa Casa da Misericórdia de Cascais foi elevada e ordenada com licença do rei D. João III (1502-1557). A instituição tem como base a prática das catorze obras de misericórdia do catecismo da Igreja Católica, tendo-se transformado rapidamente numa instituição de referência no concelho, com uma vasta obra dedicada à solidariedade para com os mais desfavorecidos.
“MOMENTO DE GRANDE ALEGRIA”
“Aquilo que era um pequeno privilégio para muito poucos, porque acompanhávamos aquilo que estava a ser aqui realizado, ficou aberto a todos. É um momento de grande alegria nós termos esta perspectiva de recuperarmos não só mais um património, mas, acima de tudo, de respeitarmos aquilo que é o nosso passado, e de com isso termos a força para no presente podermos projectar Cascais também para o futuro”, referiu o Presidente da CMC, Carlos Carreiras.
O autarca recordou que “tem sido muito o investimento feito a nível da recuperação do Património”, realçando as muitas iniciativas realizadas. “Isso faz parte da salvaguarda da nossa identidade, daquilo que justifica sermos o que somos e que explica porque é que o somos. Isso projecta-nos também para as próximas gerações”, assinalou, recordando que a Santa Casa da Misericórdia é a instituição mais antiga de Cascais, “um parceiro de todas as horas” que “esteve sempre presente para a população”.
“É um dia muito especial. Uma coisa velha, uma coisa abandonada, que estava decadente, e de repente toda a gente chega aqui e gosta. A igreja tornou-se um monumento. Ter tido esta oportunidade é uma coisa fantástica. Isto é mais uma prova que é possível quando nós queremos fazer acontecer, neste caso com a ajuda da Câmara, caso contrário era impossível. Mas a verdade é que foi possível e está feito, está bonito e é para a comunidade vir aqui e gostar de estar”, comentou a Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, Isabel Miguens Bouças
ESPÓLIO INCLUI VÁRIOS TESOUROS
Localizado bem no centro histórico de Cascais, no Largo da Misericórdia, o novo museu apresenta um importante espólio histórico-religioso a ter em conta, produzido entre o final do século XVI e o século XIX, que inclui vários tesouros, entre os quais se destacam imagens de Nossa Senhora e de outros santos, diversos crucifixos, alguns de produção indo-portuguesa dos séculos XVII e XVIII, custódias e cálices em prata dourada, entre muitas outras peças distribuídas por várias salas.
Fazem parte dos espaços abertos ao público: uma Antecâmara com a apresentação do museu (Rumo aos 500 Anos de História); a antiga sacristia da Igreja; a Sala dos Tesouros; a Sala dos Quadros, onde estão representados quatro séculos de Pintura; a Sala dos Têxteis, que guarda paramentos, utensílios e alfaias litúrgicas, e um pátio ocupado com as Obras Corporais e Espirituais da Misericórdia. O Museu dispõe ainda de loja e cafetaria. Por sua vez, na Igreja destacam-se um coro alto, o baptistério, a torre sineira e um miradouro.