O Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier da Universidade Nova de Lisboa (ITQB NOVA) e a Câmara Municipal de Oeiras (CMO) vão disponibilizar testes de saliva à COVID-19 a todos os alunos do ensino pré-escolar, 1.º e 2.º ciclos das escolas públicas de Oeiras, a partir desta quinta-feira, 13 de Janeiro.
A iniciativa, que decorrerá até Março e prevê testar cerca de 10 mil alunos, faz parte de um estudo liderado pelas investigadoras Catarina Pimentel e Mónica Serrano, do ITQB NOVA, e tem como objectivo a validação de testes para a detecção do vírus SARS-CoV-2 e permitir o despiste de casos de COVID-19 na comunidade escolar.
Nesta fase da pandemia COVID-19, em que se regista um aumento significativo de casos de infecção na comunidade, e com o recomeço das aulas, o rastreio de SARS-Cov-2 de forma simples e rápida é considerado pelos especialistas fundamental para quebrar cadeias de transmissão.
MÉTODO MENOS INVASIVO PARA AS CRIANÇAS
“Faz todo o sentido que se reforce a testagem para quebrar cadeias de transmissão, para que a comunidade escolar e as famílias sintam que as escolas são um meio seguro, sendo de valorizar também este método de testagem que é menos invasivo para as crianças”, sublinhou o presidente da Autarquia, Isaltino Morais.
Segundo Cláudio Soares, director do ITQB-NOVA, a colaboração entre o instituto da NOVA e a CMO “tornou-se ainda mais forte durante a pandemia COVID-19”. Este responsável destaca igualmente o facto de os testes de saliva serem “menos intrusivos, pelo que são ideais para testar crianças”.
Os testes de saliva desenvolvidos pela equipa de investigadores do ITQB NOVA recorre à técnica RT-PCR e apresenta uma especificidade de 100% e sensibilidade de 92% para cargas virais médias a altas. Utilizam uma deteção diferente dos testes moleculares de RT-PCR tradicionais, o que os torna mais económicos.
Este tipo de testes elimina a necessidade de extracção do material genético do vírus, com resultados muito promissores. A sua rapidez, sensibilidade, facilidade de colheita e custo reduzido fazem com que sejam particularmente interessantes para o despiste de infecção por SARS-CoV-2.
TESTAGEM MAIS FREQUENTE
“Os testes de saliva possibilitam uma testagem mais frequente da população assintomática, o que é extremamente importante para a contenção da pandemia, pois uma percentagem muito significativa das transmissões é feita por indivíduos assintomáticos ou pré-sintomáticos”, explica a investigadora Catarina Pimentel.
Também a investigadora Mónica Serrano realça as características e importância da realização destes testes entre a comunidade escolar. “As crianças desta faixa etária não costumam participar nas testagens realizadas nas escolas, pelo que este teste pode ser uma boa alternativa”, justifica.
A equipa de investigadores do ITQB NOVA está desde o final de 2020 a desenvolver e implementar modelos de teste para a COVID-19 com recurso à saliva, em colaboração com o Laboratório de Bromatologia e Defesa Biológica (Unidade Militar Laboratorial de Defesa Biológica e Química), o Hospital das Forças Armadas e a CMO.