Autárquicas 2021: Continuidade é palavra de ordem

Os resultados das Eleições Autárquicas 2021 verificados nos quatro concelhos abrangidos pela cobertura noticiosa assegurada pelo jornal ‘O Correio da Linha’ registam um denominador comum: a continuidade. Os presidentes das câmaras municipais de Amadora, Cascais, Oeiras e Sintra mantiveram os cargos que já desempenhavam. Carla Tavares, Carlos Carreiras, Isaltino Morais e Basílio Horta asseguraram a continuidade dos seus projectos à frente dos respectivos municípios. Três destes presidentes de câmara não poderão candidatar-se às Autárquicas de 2025 por estarem a iniciar o terceiro mandato consecutivo, o máximo previsto na lei para os titulares dos órgãos executivos das autarquias locais. Referimo-nos a Carla Tavares (Amadora), Carlos Carreiras (Cascais) e Basílio Horta (Sintra).

Em termos globais, o PS conquistou o maior número de presidentes da câmara, 148 (menos 11 que em 2017), com 124 maiorias absolutas (menos 18 que em 2017), seguido de: PPD/PSD, com 72 presidentes de câmara (menos 7) e 67 maiorias absolutas (menos 7), PPD/PSD e CDS-PP, com 31 presidências (mais 15) e 30 maiorias absolutas (mais 15), PCP-PEV, com 19 presidentes de câmara (menos 5) e 11 maiorias absolutas (menos 7), Grupo Cidadãos, com 19 presidências (mais 2) e 9 maiorias absolutas (menos 4) e CDS-PP, com seis presidentes de câmara (tal como em 2017) e seis maiorias absolutas (mais 1), sendo que o Bloco de Esquerda voltou a não obter qualquer presidência de câmara.

Mais uma vez, a abstenção marcou pela negativa o acto eleitoral realizado no passado dia 26 de Setembro, que ditou, como resultado mais surpreendente, a derrota do socialista Fernando Medina na corrida à presidência para a Câmara Municipal de Lisboa, contra o social-democrata Carlos Moedas. No total do País, a abstenção voltou a subir, atingindo os 46,35 por cento, contra os 45,03 por cento registados em 2017.

CARLA TAVARES CONQUISTA NOVA MAIORIA NA AMADORA

Carla Tavares, de 51 anos, foi reeleita para o cargo de Presidente da Câmara Municipal da Amadora. A autarca socialista, que preside à autarquia desde 2013, assume este terceiro mandato consecutivo novamente apoiada numa confortável maioria absoluta. O PS alcançou 43,88% (27.221 votos), com sete vereadores conquistados, o mesmo número conseguido em 2017.

No segundo lugar, ficou uma coligação formada por PPD/PSD, CDS-PP, Aliança, Partido da Terra e Partido Democrático Republicano, com 24,55% (15,230 votos e três vereadores eleitos), seguida de: PCP e Partido Ecologista ‘Os Verdes’ (PEV), com 9,93% (6.162 votos e um vereador eleito); Partido Chega, com 5,44% (3.375 votos), e Bloco de Esquerda, com 5,33% (3.305 votos). A abstenção no concelho foi de 57,31 por cento.

Carla Tavares chegou à presidência da Câmara Municipal da Amadora nas Eleições Autárquicas realizadas em 2013, sucedendo ao também socialista Joaquim Raposo, que conquistou a gestão da autarquia amadorense em 1997, depois de 18 anos de governação comunista.

CARLOS CARREIRAS ALCANÇA VITÓRIA CONFORTÁVEL EM CASCAIS

Carlos Carreiras (PPD/PSD), de 60 anos, assegurou um terceiro mandato consecutivo à frente da Câmara Municipal de Cascais, novamente com uma maioria absoluta folgada, desta vez com vitórias alcançadas nas quatro juntas de freguesia do concelho, incluindo São Domingos de Rana, onde os sociais-democratas nunca tinham ganho. A coligação ‘Viva Cascais’ formada por PPD/PSD e CDS-PP, apoiante de Carreiras, obteve 52,55% (41.962 votos) e conseguiu elegeu sete vereadores num total de 11.

As restantes forças políticas mais votadas em Cascais foram: a coligação ‘Todos por Cascais’, constituída por PS, Partido das Pessoas, Animais e Natureza (PAN) e Livre, com 21,62% (17.265 votos e três vereadores eleitos); Partido Chega, com 7,42% (5.927 votos e um vereador eleito); PCP e PEV, com 5,39% (4.304 votos) e Iniciativa Liberal, com 4,34% (3.468 votos). A abstenção registada no concelho foi de 55,45 por cento.

Carlos Carreiras, então vice-presidente, sucedeu a António Capucho na presidência da Câmara Municipal de Cascais em Janeiro de 2011, depois de este ter renunciado ao cargo, após ter cumprido um ano de mandato suspenso, alegando problemas de saúde. Seguiram-se mais dois mandatos conquistados nas eleições autárquicas de 2013 e 2017, ambos com maioria absoluta. Com a vitória agora alcançada, Carreiras cumprirá o terceiro mandato consecutivo na presidência da autarquia cascalense.

ISALTINO MORAIS ESMAGA CONCORRÊNCIA EM OEIRAS

Isaltino Morais, de 71 anos, apoiado pelo movimento independente Inovar Oeiras (IN-OV), venceu as eleições autárquicas no concelho oeirense com larga maioria absoluta. O movimento liderado pelo autarca, que soma já 27 anos à frente da Câmara Municipal de Oeiras, conquistou 50,86% dos votos (38.776), bem à frente dos principais rivais, assegurando a eleição de oito vereadores, em 11 possíveis, para o novo executivo camarário. Recorde-se que nas autárquicas de 2017, Isaltino Morais obteve 41,68 por cento.

No segundo lugar, ficou o PS, que apoiou Fernando Dias Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, com 10,52% (8.021 votos e um vereador eleito), seguido da coligação ‘A Dar Tudo por Oeiras’, formada por PPD/PSD e Partido da Terra, com 7,91% (6.032 votos e um vereador eleito); a coligação ‘Evoluir Oeiras’, constituída por BE, Livre e Volt Portugal, com 7,27% (5.539 votos e um vereador eleito) e PCP-PEV, com 5,24% (3.994 votos). A abstenção no concelho foi de 48,26 por cento.

Isaltino Morais foi eleito presidente da Câmara Municipal de Oeiras pela primeira vez em 1985, em representação do PPD/PSD, tendo renovado os mandatos, com o apoio do mesmo partido, entre 1989 e 2005. A partir daí, continuou à frente da autarquia oeirense, como independente, até 2013. Regressou à presidência do município em 2017, eleito pelo movimento IN-OV, cumprindo agora o segundo mandato consecutivo desde o seu regresso à gestão autárquica.

BASÍLIO HORTA SEGURA SINTRA SEM MAIORIA ABSOLUTA

Basílio Horta, de 77 anos, eleito pelo Partido Socialista (PS), vai cumprir um terceiro mandato consecutivo como presidente da Câmara Municipal de Sintra, desta feita sem conseguir alcançar a tão desejada maioria absoluta. Nestas eleições autárquicas, os socialistas obtiveram 35,25% (45.724 votos), que permitiram eleger cinco vereadores em 11 possíveis.

Seguiram-se na lista de resultados: a coligação ‘Vamos Curar Sintra’, formada por PPD/PSD, CDS-PP, Aliança, Partido da Terra, Partido Democrático Republicano, Partido Popular Monárquico e Reagir, Incluir, Reciclar, com 27,53% (35.702 votos e quatro vereadores eleitos); o Partido Chega, com 9,09% (11.786 votos e um vereador eleito); PCP-PEV, com 9,02% (11.701 votos e um vereador eleito), e BE, com 5,81% (7.539 votos). A abstenção no concelho de Sintra atingiu os 59,88 por cento.

Antigo dirigente do CDS-PP, Basílio Horta foi eleito presidente da Câmara Municipal de Sintra pela primeira vez em 2013, tendo concorrido integrado nas listas do PS, mas sem ser militante deste partido. Volvidos quatro anos, em 2017, foi reeleito para o cargo, novamente pelo PS, com maioria absoluta, uma meta que agora não logrou alcançar, pelo que vai ser obrigado a gerir a autarquia sintrense sem essa vantagem.

Autor: Redacção

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