Fundadora da ‘Casa de Betânia’ morre infectada com COVID-19

A Irmã Maria João Vieira Neves (Irmã Doroteia), co-fundadora da Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) ‘Casa de Betânia’, conjuntamente com a Dra. Isabel Pinto, faleceu no passado dia 8 de Fevereiro, no Hospital de Vila Franca de Xira, vítima da pandemia COVID-19. 

A instituição sem fins lucrativos sediada em Oeiras, que tem como missão a integração familiar, social e laboral de jovens e adultos com deficiência intelectual, foi fundada em 1992, impulsionada pela necessidade de dar resposta à situação de Manuel Neves, irmão da religiosa.

Rapidamente, o projecto inicial ganhou dimensão e passou a dar resposta às necessidades de outras pessoas carentes de apoio de quem as pudesse acompanhar e integrar na sociedade, transformando-se numa comunidade acolhedora e de suporte para os seus utentes.

“A Casa de Betânia é uma comunidade de vida, onde pessoas com e sem deficiência vivem juntas, partilham as suas experiências, as suas alegrias e os seus sofrimentos, as suas esperanças e os seus projectos, os seus tempos livres e o seu trabalho quotidiano, construindo laços de fraternidade e de corresponsabilidade, segundo as capacidades de cada membro da comunidade”, refere a página de apresentação da IPSS.

A vida em pequena comunidade é uma das particularidades da Associação, promovida nas suas duas residências. Na Casa de Betânia, a Casa Mãe, situada em Queijas, vivem 10 jovens e 2/3 responsáveis, formando uma família, no seio da qual os residentes vivem e partilham as suas experiências e vivências nos respectivos locais de formação e emprego. 

A segunda estrutura de acolhimento, a Casa do Farol, localizada em Oeiras, é um apartamento com capacidade para receber oito jovens e/ou adultos com deficiência intelectual, acompanhados e apoiados por dois responsáveis que orientam os vários aspectos da vida em comunidade, a formação e o desempenho dos residentes nos respectivos empregos.

Foto de Paulo Rodrigues

A IPSS Casa de Betânia acolhe pessoas com deficiência intelectual quando a família não as pode acompanhar, bem como voluntários interessados em experimentar uma vida comunitária e partilhar essa experiência com os residentes. Simultaneamente, oferece aos utentes a possibilidade de viverem como se fossem uma família, enaltecendo os dons particulares que a pessoa com deficiência intelectual possui: acolhimento, espontaneidade e verdade.

A instituição promove uma “experiência concreta de fraternidade entre pessoas de diferentes origens sociais e culturais e de diferentes níveis intelectuais, nas suas comunidades de vida e de trabalho”, procurando ser aquilo que define como “uma pequena chama que testemunhe ‘a unidade na diversidade’”. 

Para atingir os seus propósitos, a IPSS aposta na “reabilitação baseada na comunidade”, em que “cada pessoa é valorizada com os seus dons e as suas limitações”, recebendo formação específica para poder desempenhar “uma actividade laboral ou ser presença de apoio a diferentes sectores da sociedade, de acordo com as suas capacidades”.

Entre outras actividades, são organizadas Exposições de Pintura e de outros trabalhos realizados pelos residentes, que participam também em eventos promovidos por diversas entidades públicas, privadas e por amigos da Casa de Betânia. São igualmente dinamizadas Campanhas de Solidariedade.

Foto de Paulo Rodrigues

SOBRINHO ORGANIZA CAMPANHA DE ANGARIAÇÃO DE FUNDOS

Em memória da Irmã Maria João, Pedro Farinha, sobrinho da falecida, criou uma campanha de angariação de fundos através da plataforma de crowdfunding (financiamento colectivo) GoFundMe para fazer um donativo à ‘Casa de Betânia’. Em apenas quatro dias, a campanha ultrapassou o objectivo de reunir a verba de mil euros pretendida. 

“Quero honrar o fantástico projecto da minha Tia, que tem ajudado tantos jovens e adultos ao longo dos anos, com uma angariação de doações. É uma causa que vale mesmo a pena, e uma homenagem merecida a uma grande senhora”, referiu Pedro Farinha na apresentação da campanha, sublinhando que a co-fundadora da IPSS “era uma pessoa extraordinária que será lembrada pelo seu legado”.

Autor: Redacção

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