Vox Laci prepara coros para o futuro em tempo de pandemia

Estávamos em 1996 quando o maestro Myguel Santos e Castro criou o Grupo Vox Laci, um projecto concretizado um ano depois de ter sido idealizado em Verona, Itália. O primeiro ensaio do coro decorreu durante o mês de Novembro, o que quer dizer que daqui a aproximadamente um ano estará a celebrar os primeiros 25 anos de existência. Ao longo do percurso conquistou um estatuto próprio mercê de muito trabalho desenvolvido baseado numa fórmula inovadora que gira em torno de um forte conceito de comunidade. ‘Fazer a diferença’ é o lema do projecto.

“A ideia de criar o Grupo nasceu em Janeiro de 1995 em Verona, depois de ter participado num Encontro Europeu de Taizé realizado em Paris (França), quando assisti, aos 19 anos, a um Coro de Homens da Montanha”, explica o mentor do projecto, que acrescenta: “Foi ao soar do primeiro acorde de ‘Piccola Canta di Natale’, no dia 6 de Janeiro, que me consciencializei que queria trabalhar com coros”. A explicação do nome ‘Vox Laci’ (A Voz do Lago) tem também origem na região de Verona, onde existe o Lago di Garda.

“Próximo do local do concerto, havia um grande lago onde eu passei horas a preparar a criação do coro, quando regressasse a Portugal. Com a ajuda de um grande amigo, o Padre António Fernando, chegámos ao nome ‘VOX LACI’, como alusão às diferentes pessoas que harmoniosamente se fundem, sem perder as suas características próprias, numa só voz. Este nome sugere tanto o silêncio de um luar, como uma brisa de um entardecer, como a força do calor em pleno meio-dia ou mesmo o despontar de mais uma manhã”, explica o maestro Myguel Santos e Castro.

“Todas estas diferentes sensações é o que procuramos despertar no público que assiste aos nossos espectáculos”, sublinha o responsável pelo projecto sediado em São Domingos de Rana (Cascais), confessando existir mais uma explicação para a escolha do nome: “O coro começou numa escola local, o Colégio Quinta do Lago, onde eu dava aulas de guitarra”. Contudo, rapidamente, extravasou para fora da comunidade escolar. “Na altura, os ciclos duravam apenas um ano lectivo. No final, voltava novamente tudo ao zero, e eu pretendia um projecto mais duradouro”. 

“O Grupo nasceu com tendo como principal objectivo abrir as portas do mundo musical coral a quem dele gostasse de fazer parte”, aceitando inscrições de candidatos a coristas entre os 4 e os 114 anos. O projecto foi crescendo ao longo dos anos recebendo coristas dentro de uma faixa alargada de idades, que actualmente, e de um ponto de vista mais realista, oscila entre os 7 e os 84 anos, num total de cerca de 70 elementos distribuídos por seis coros: VoxPueri (4-10 anos), VoxSoul (10-18 anos), VoxL!fe (+18 anos), Intuição (+18 anos), Hirmandade (homens +15 anos) e VoxCor (+60 anos).

PROJECTO VIÁVEL ECONOMICAMENTE

O Grupo Vox Laci é uma organização sem fins lucrativos que beneficia do estatuto de Interesse Cultural concedido pelo Ministério da Cultura. Orgulha-se de não ser “subsídio-dependente” e diz procurar “apoios nas entidades privadas para a execução dos seus projectos”, com o propósito de “ser viável economicamente”. Para isso, segue uma “visão empresarial”, disponibilizando vários serviços, nomeadamente concertos em missas, casamentos, baptizados e eventos particulares. Dispõe também de aulas de música e canto. A pandemia trouxe novos desafios ao projecto, que teve de se adaptar para enfrentar um ano muito difícil. A luta, temperada pela resiliência, não tem sido fácil.

“Ainda cá estamos! Estamos com zero apoios, nem da Câmara nem da Junta de Freguesia. Não estamos a queixar-nos, é uma realidade. Relativamente à Câmara Municipal de Cascais, não concordamos com a forma como os subsídios são atribuídos, porque cria uma subsídio-dependência que eu acho nefasta. E agora está-se a ver. Nós vamos fazer 25 anos em Novembro de 2021. É importante as pessoas perceberem porque há instituições, culturais e não culturais, a fechar portas com mais anos do que o Vox Laci. Também há outras com menos anos que o Vox Laci. Nós não somos nem piores nem melhores, somos diferentes. O Vox Laci tem um maestro que abre o armário e vê o que há lá dentro. Temos isto e temos isto, então é com isto que a gente vai fazer! Isso distingue-nos.” 

Crítico da ‘subsídio-dependência’, o maestro Myguel Santos e Castro justifica: “O grande problema é que quem atribui um subsídio, por vezes exige um comportamento determinado. Há muitas pessoas que se queixam, dizem que o subsídio que recebem é muito baixo. E eu respondo: ‘É simples, diz que não, ou então não te queixes. Estás a queixar-te da mão que te está a dar o dinheiro?!’ E isso acontece também em Cascais. A maior parte das pessoas com quem falo diz ‘O subsídio é muito baixo’. E eu pergunto: ‘E qual é o valor que vocês estão a trazer para o Município?’ Porque temos aqui entidades culturais que estão a fazer a sua parte. Já imaginaram o que seria agora os Xutos & Pontapés dizerem ‘Olhem, precisamos do nosso subsídio!’ Ou o Pedro Abrunhosa, a Mafalda Arnauth ou a Ana Moura… ‘Ah, mas isso é diferente’, dizem-me essas pessoas que se queixam. E eu questiono: ‘É diferente porquê? Fizeram um percurso. Porque é que vocês também não o fazem?’”

Ainda sobre esta temática, o Maestro conclui: “Portanto, eu diria que a forma como a Cultura é tratada é uma questão de reflexão para cada um. Será que não são os próprios agentes culturais que se tratam assim e que passam a imagem da vítima e do coitadinho? Quer dizer, ninguém os obrigou a serem actores, cantores, artistas de circo… Cada um fez o seu próprio caminho. Imagine o que seria agora qualquer um que toma essa decisão dizer ‘Eu preciso que alguém me pague’. Está bem, mas porque é que não adicionam valor, porque é que não fazem o seu próprio caminho? E o seu próprio caminho significa o caminho do sucesso. A pessoa diz ‘Ah aquele homem é um homem de sucesso’. É um homem de sucesso porque tem muito mais fracassos no que nós todos juntos! Fez o seu próprio caminho. A grande questão é essa: o sucesso não resulta das vezes que se cai, mas sim das vezes que se levanta.”

“SEI QUE ESTOU A SER POLÉMICO” 

Myguel Santos e Castro assume, sem problemas, a sua posição. “Estou a ser polémico, é lógico. Quando um maestro me telefona a queixar-se do subsídio que recebe… é mais ou menos como um marido a queixar-se da comida que a mulher lhe faz, mas ele não faz a comida. Quer dizer, desculpa lá, se queres outro tipo de comida, faz tu. Se queres outro tipo de valor, fazes tu. Ah, mas isto é muito difícil. Mas a grande questão é essa: é muito difícil seja para quem está na área cultural, seja para quem está na área social, qualquer área é difícil. Então, não é difícil quem está a trabalhar nos supermercados? Não é difícil ser enfermeiro e médico? Não é difícil ser professor hoje em dia?”

Tempos difíceis pedem reflexão. “Relativamente à Cultura, eu acho que temos de parar para pensar. A pandemia veio trazer uma grande disrupção na forma de vivermos. Eu já ando a dizer isto há muitos anos aos meus colegas que trabalham com subsídios e os pedem. Eu digo ‘No dia em que acontecer alguma coisa no Mundo, podes ter a certeza que os governos aonde vão cortar é naquilo que é superficial. E a Cultura, de facto, é superficial.’ Temos que ser claros. Se nós estivermos a comparar com dar comida, ou casa… enquanto estas necessidades básicas de comer, de conseguir dormir, de ter um espaço, de ter paz, não estiverem asseguradas, a Cultura é lógico que é superficial.”

Mas ressalva: “Agora, claro que a Cultura é importante. Como o Conhecimento é importante, porque quando a gente lê um livro isso dá-nos uma outra perspectiva de vida, quando a gente vê um filme, quando a gente vai ao teatro. Portanto, a Cultura é importante, sim. Mas a Cultura em que as pessoas vão assistir todas de máscara, com medo umas das outras, e as pessoas do palco estão também de máscara, sem mostrarem, através das suas micro expressões, a sua alma… Isso é Cultura? Eu não tenho aqui nenhuma resposta. Diria que é uma forma diferente de fazer as coisas. Mas não é uma forma que eu hoje diria que queria fazer. Estou disponível para mudar a minha opinião, estou sempre disponível e aberto. E se calhar amanhã pensarei e sentirei de outra forma, mas de momento eu prefiro actuar com as pessoas do que estar a actuar confrontado com um espaço vazio, no fundo é isso que nós todos sentimos, e tem este impacto.”

“A SAÚDE DAS PESSOAS É O MAIS IMPORTANTE”

A braços com um contexto de pandemia, o maestro Myguel Santos e Castro teve de reorganizar o projecto do grupo e reprogramar todas as actividades, sempre com o objectivo de proteger o bem-estar dos elementos dos coros, de salvaguardar a saúde de todos. “Assim que começou a pandemia, o Vox Laci foi a primeira instituição do País a fechar tudo. No dia 10 de Março, uma terça-feira, numa reunião de Direcção telefónica tomámos a opção de fechar. O País só veio a fechar no sábado seguinte, no dia 14 de Março”, recorda.

“Numa reunião que realizei com o grupo, fiz ver às pessoas que a saúde delas estava em primeiro lugar para nós e passámos logo para o online. Os ensaios passaram a ser feitos apenas no online via Zoom, uma coisa que na altura ainda pouca gente conhecia. Fomos à procura de novos caminhos. Lá está, abrimos o armário à procura do que tínhamos, era o online, que passámos a utilizar para os ensaios de todos os seis grupos do projecto. Em duas semanas, a grande maioria dos elementos já possuía um tablet para poder participar nos ensaios em segurança”, destaca.

“Curiosamente, em Janeiro, a Direcção tinha tomado a opção de que 2020 fosse o ano da transição para o digital, que ia deixar de haver o papel nas partituras e que íamos fazer a transição para o tablet. A ideia era proteger o Meio Ambiente, acabar com a utilização do papel nas pautas. Por isso, ainda antes da pandemia, pedi a três pessoas do grupo ligadas ao mundo da Informática que escolhessem tablets que tivessem um preço acessível, fossem fáceis de usar pelos mais idosos e pelas crianças, rápidos e que durassem pelo menos 5 a 10 anos. A adesão foi extraordinária e hoje posso dizer que a transição está feita. E atenção que temos gente dos 7 aos 84 anos…”

“NÃO HOUVE NECESSIDADE DE ADAPTAR O REPERTÓRIO”

Apesar das mudanças operadas na forma de funcionar, não foi preciso mudar a oferta musical. “Em relação aos temas musicais interpretados pelo grupo, não tivemos que adaptar o repertório. Mantivemos tudo, introduzimos até temas novos em todos os coros”, assinala o Maestro. “Posso dizer que houve dois tempos. O tempo de pandemia, em Março/Junho, que foi muito difícil para todos nós, sobretudo psicologicamente. Depois houve o período pós-Verão, altura em que a direcção tomou algumas decisões e posso dizer que neste momento toda a gente já entende a opção pelo online, compreendendo naturalmente que é diferente, mas necessário.” 

“Se eu tiver que escolher entre online e presencial, escolho presencial. Mas se eu tiver que escolher entre presencial ou a saúde das pessoas, escolho a saúde das pessoas. As pessoas sabem que se eu tiver que escolher que não há Vox Laci, porque as pessoas dizem que só querem presencial, então não há Vox Laci, porque a saúde está em primeiro lugar”, realça o director artístico do grupo, que neste momento está a preparar o repertório de Natal, tendo em conta a actual crise sanitária que atravessamos e respeitando sempre o princípio de que o bem-estar das pessoas é o mais importante.

“Já recusámos várias atuações em centros comerciais, a pagarem-nos valores que nunca nos tinham oferecido. Recusámos, porque achamos que neste momento não é ainda altura de o fazer, apesar de o dinheiro nos fazer muita falta. O ano passado, financeiramente, a nível de todos os coros, com os coros internacionais que vieram e todos os festivais que organizámos, foi o nosso melhor ano em 25 anos. Este ano, naturalmente, estamos a sofrer como toda a gente, não vem ninguém. No fundo, estamos aqui a adaptar-nos. E estamos a preparar o repertório de Natal, haja ou não haja concertos. Temos coisas preparadas”, revela Myguel Santos e Castro.

“Certamente, vamos transmitir concertos online. Não sabemos se terão público. O que eu posso dizer é que se tivesse de decidir hoje, diria já que seriam online sem público algum. Por exemplo, eu não cantarei de máscara. Eu não dirigirei de máscara. Não vou obrigar nenhum cantor que esteja em palco a pôr ou a tirar a máscara. Não vou fazer isso. Estarão à distância, não a que a Direcção-Geral da Saúde recomenda de dois metros, mas estarão à distância de quatro metros uns dos outros. Num concerto mesmo sem público, porque a grande questão não é só o público, são os cantores”, realça o Maestro.

“Nas notícias, ouvi um político dizer ‘Nós estamos a fazer isto tudo para salvar o Natal!’ Eu gostava de aproveitar esta ocasião para dizer que o Natal não precisa de ser salvo. O Natal vai sempre acontecer, com pandemia ou sem pandemia, tal como a Páscoa aconteceu, tal como os nossos aniversários aconteceram… Quem precisa de ser salvo são as pessoas. Agora, o Natal das luzes, o Natal da fachada, o Natal do consumismo, esse Natal, o Natal económico, esse Natal talvez precise de ser salvo”, comenta Myguel Santos e Castro, que prossegue: “Neste Natal, se calhar não vai ser possível comer com as nossas avós, com os nossos pais. Tudo bem, mas eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para não ser uma plataforma de infecção ou, eventualmente, de morte. Acho que há uma enorme falta de liderança no mundo inteiro. Andamos aqui um bocadinho sem saber para onde ir.”

Dito isto, o mentor do Grupo Vox Laci aproveita a oportunidade para deixar aqui um aparte: “Tiro o chapéu ao Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreias, por todas as iniciativas que está a desenvolver agora com a pandemia. Eu e ele temos assim umas relações não muito calorosas, mas eu tiro-lhe o chapéu no sentido de respeito pela equipa, pelo que estão a fazer, porque eu prefiro uma má decisão, com que possa até não concordar, do que uma não-decisão. E o grande problema actualmente é esta falta de liderança no País inteiro. Andamos aqui aos ziguezagues…”

“A MÚSICA PODE SER UM TÓNICO”

Se tivesse de escolher um tema representativo do momento difícil que estamos a viver, o maestro recomendaria o seguinte: “para os saudosistas, escolhia o ‘Last Christmas’, para aqueles que querem voltar e acreditam que é possível voltar ao antigo normal. Para os outros, eu acho que o tema que agora gostava é ‘Hope’ (Esperança).” Sendo um amante incondicional da Música, o Maestro não estranha que possa ser considerada um tónico para estes tempos de tristeza, pressão e preocupação. “Absolutamente. Aliás, o Vox Laci nasceu exactamente por causa disso. Eu uso a Música como uma ferramenta transformadora, para que a pessoa pare e olhe para si mesma. E olhe também para os outros com mais compaixão. Todas as músicas que nós fazemos são momentos absolutamente únicos.”

“Eu não me lembro de muitos concertos, mas vivo intensamente cada momento e das coisas que mais me apraz é quando alguém diz ‘Maestro, eu fartei-me de chorar no concerto’, ou ver pessoas nos concertos a chorarem. Eu digo sempre ‘Se nós virmos uma pessoa a chorar num concerto, o concerto está ganho’. É esta conexão que a Música nos permite que vale a pena. A Música pode ser encarada como uma terapia, como um equilíbrio do ego”, destaca Myguel Santos e Castro, que define assim o projecto que criou: “O Vox Laci não é melhor nem pior do que os outros, é diferente. Para o bom e para o mau, é diferente. É o melhor de nós mesmos, não nos comparando com os outros. Se nós quisermos ser infelizes como pessoas basta compararmo-nos com outros. Há uma frase que diz que a ’a comparação é a morte da alegria’.”

Apesar dos condicionalismos impostos pela pandemia, o Maestro confessa estar “muito entusiasmado” com o próximo ano. “As pessoas acham que eu estou assim um bocadinho transtornado, dizem não fazer ideia do que vai acontecer, mas eu digo sempre: ‘Mas há um ano atrás, eu também não fazia ideia do que é que ia acontecer. Se alguém nos dissesse que íamos estar todos em casa, que o mundo ia parar, ninguém acreditava. Contudo, não deixo de estar entusiasmado. Porquê? Porque eu tenho que alimentar as pessoas, mas para isso também tenho que estar alimentado espiritualmente, mentalmente, psicologicamente. E estou muito entusiasmado, porque nós vamos fazer 25 anos em 2021. Sei que vou ter o mesmo maestro, sei que vou olhar para o armário, como sempre tenho feito, e dizer: ‘Isto é o que temos! O que é que nós podemos fazer?’ Além disso, em tempo de pandemia ainda há pessoas a entrar para os coros, o que é fantástico.” 

Entretanto, o grupo vai apresentar o plano da próxima temporada aos coristas. “As pessoas recebem uma brochura com as datas para se organizarem. E nós vamos apresentar o plano A e o plano B. O plano A é o plano com COVID e o plano B é o plano sem COVID. Nós não sabemos quando é que a pandemia vai terminar, mas sabemos que continuaremos a nadar. Temos agora um festival que nós iniciámos no ano passado chamado ‘Stela’ (Estrela), em que a ideia é congregar todas as religiões que nós contactarmos e perguntar-lhes ‘Como é que vocês estão a preparar o Natal?’. No ano passado, tivemos as igrejas Evangélica, Anglicana e Católica. Nós queremos que este festival de Natal, no Advento (de 8 a 13 de Dezembro), que vai ter muita coisa online, acrescente valor não só à comunidade de Cascais, mas também às pessoas que estão a assistir em casa.”

A este festival seguir-se-ão várias outras iniciativas. “Temos também o Concerto de Ramos, que é sempre no fim-de-semana anterior à Páscoa. Trata-se de um festival de música sacra, onde convidamos sempre um maestro internacional para vir a Portugal trabalhar com os coros Vox Laci. É ele que escolhe e traz o repertório, nós ensaiamo-lo, tem três ensaios e depois três concertos. No ano passado, estivemos em Óbidos, Beja, Lisboa e Cascais. Este ano cancelámos tudo devido à pandemia. Agora, temos que falar com os parceiros a ver se estão interessados. Temos o plano A e o plano B. O plano A será fazer os três concertos no mesmo dia, em sítios diferentes, o que resultará numa corrida para os cantores. Mas talvez seja o que os protegerá melhor comparativamente a fazerem concertos em dias separados. Tem que ser analisado. Actualmente, estamos sempre a analisar o nosso programa”. 

EXPERIÊNCIA ÚNICA PARA ASSINALAR ANIVERSÁRIO

Um programa que dependerá muito do modo como a pandemia evoluir durante o próximo ano. “Temos também o Festival Vox Pueri, que é um festival que acontece na Páscoa, na semana das férias da Páscoa, que tem contado com a participação de outros coros internacionais. Mas agora com esta situação… temos que repensar tudo, mas vai existir”, garante o Maestro, que não esquece ainda as Bodas de Prata do grupo que ocorrerão em 2021. “E para além de tudo isso, teremos ainda o programa para festejar os nossos 25 anos de existência. O que é que a gente vai fazer de especial para celebrar? Temos de sonhar, temos que pensar. Posso dizer que, se a pandemia acabasse hoje, nós estamos preparados, já para a semana, para ensaiar presencialmente. Temos pré-acordos com três ou quatro locais que nos receberão.”

Se não houvesse pandemia, o mentor do Vox Laci gostaria de assinalar as Bodas de Prata do grupo de forma bem especial. “Eu acho que é importante uma viagem? Eu já disse à Direcção que já falei com alguns amigos meus de Bali, da África do Sul e dos Estados Unidos da América. Seria um desses locais com todos os coros Vox Laci e os seus familiares. Há ainda outro sítio, que é Rovaniemi, na Lapónia (Finlândia), a terra do Pai-Natal. Portanto, uma das coisas possíveis seria, se a pandemia acabasse agora, marcarmos já para depois do próximo Dia de Reis de 2022, quando termina a temporada, e irmos durante 5/6 dias todos a Rovaniemi conhecer o Pai-Natal, a aldeia do Pai-Natal, andar com os cães, tomar banho naquele mar gelado… Íamos viver toda essa experiência única”.

CURRÍCULO

Myguel Santos e Castro, de 46 anos, é o mastro e director artístico do Grupo Vox Laci. Licenciado em Gestão e Administração Pública, iniciou os estudos musicais com 7 anos de idade em piano, guitarra acústica e teoria musical. Com apenas 17 anos, começou a leccionar música em várias escolas, nomeadamente flauta bisel, teoria e história da música, piano, guitarra e percussão.

Prosseguiu os estudos em Direcção Coral na Academia de Amadores de Música de Lisboa, participou em ‘workshops’ e ‘masterclasses’ em Direcção Coral, Orquestra e Técnica Vocal, em Portugal e no estrangeiro, onde trabalhou com maestros influentes. Tem realizado intenso trabalho como Director Artístico e participado em inúmeros eventos, além de ter colaborado em projectos para rádio, televisão e cinema.

Entre outros trabalhos desenvolvidos no pequeno ecrã, onde tem marcado presenças em vários programas e canais, o Grupo Vox Laci participou na telenovela da TVI ‘Doce Fugitiva’ (2007), com a banda sonora baseada em músicas de Rodrigo Leal e com jovens coristas a integrarem o elenco da história. Nesse mesmo ano, foi editado um CD gravado em parceria com Rita Pereira com as músicas da novela. 

Natural de Luanda (Angola), onde nasceu, Myguel Santos e Castro é o mais velho de 13 irmãos. Filho de uma família numerosa, é actualmente pai de seis filhos: Andreia, Jasmim, Ricardo, Benedita, Esperança e Vicente. Viveu grande parte da sua vida na freguesia de São Domingos de Rana (Cascais), terra a que se sente fortemente ligado e onde tem desenvolvido o projecto Vox Laci.

Autor: Luís Curado

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